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Pausa pode ser necessária para avaliar passos do Copom adiante, diz presidente do BC

Ilan Goldfajn afirmou que trajetória de queda da Selic deve continuar, mas considerou que 'pausa' em junho pode ser importante para assegurar permanência no futuro dos benefícios de inflação e juros baixos

Foto do author Eduardo Rodrigues
Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Idiana Tomazelli , Eduardo Rodrigues e Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reafirmou na manhã desta quinta-feira que o processo de flexibilização monetária vai continuar, caso as condições da economia permaneçam como estão hoje. No entanto, ele considerou que parece necessária uma pausa em junho para que o Comitê de Política Monetária (Copom) possa avaliar essas condições e assegurar a permanência no futuro dos benefícios de inflação e juros baixos. “Se as condições permanecerem como estão, continuaremos a flexibilização monetária”, disse Goldfajn. Segundo o presidente do BC, o Copom decidiu dar mais estímulos no curto prazo diante da inflação baixa. Além disso, o juro real hoje está entre 2% e 2,5%, o que é um estímulo adicional para garantir que a inflação retorne à meta em velocidade adequada.

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central Foto: Adriano Machado/Reuters

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“Mas estamos olhando outra dimensão, que é assegurar que conquistas de inflação e juros baixos se perpetuem”, afirmou. O presidente do BC ressaltou que, em meados deste ano, o Copom já vai estar olhando majoritariamente para o cenário da economia em 2019. Por isso, caberá a reavaliação do cenário, o que significa possivelmente uma pausa no ciclo de redução de juros. “A pausa parece ser necessária para avaliar, nessa dimensão de garantir o futuro, o que o Copom fará mais adiante (na reunião de junho)”, afirmou. Assegurar esse futuro de inflação e juros baixos, segundo o presidente do BC, é a “parte mais difícil que vai começar”.

+ FÁBIO ALVES: No Copom, é pausa e não fim Segundo Goldfajn, há hoje incertezas sobre a defasagem dos efeitos da política monetária como estímulo à economia. “Pode levar mais ou menos tempo que o esperado. Será que o Copom já deu estímulo suficiente e inflação vai convergir tanto ou mais, ou vai levar mais tempo do que imaginamos?”, questionou. No cenário base, a inflação sai do patamar baixo em que está hoje e vai convergindo para a meta “ao longo do tempo”. “Vemos hoje essa recuperação como consistente. Portanto, inflação migra para convergência à meta”, disse.

Crédito. A trajetória dos juros bancários tem sido compatível com o ciclo de flexibilização monetária, mas seria desejável que houvesse queda mais pronunciada dessas taxas, sinalizou Ilan. Segundo ele, o BC vai continuar trabalhando em medidas regulatórias para tentar acelerar esse processo. “Os juros bancários mais ou menos estão compatíveis com outros episódios do passado. Isso não significa que não gostaríamos que houvesse queda mais rápida nas taxas bancárias, e estamos trabalhando para isso, com medidas ligadas a custos e concorrência. Nós vamos continuar fazendo isso”, disse. Caso a Selic e a inflação continuem baixas “por um bom tempo”, haverá uma “revolução” no sistema financeiro, afirmou Goldfajn. É por isso que o BC precisa de tempo para avaliar se as condições atuais de juros e preços são estruturais ou conjunturais. “A prudência recomenda dizer 'se as condições se mantiverem', porque temos que avaliar isso”, disse.

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