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PDG Realty decide pedir recuperação judicial

Incorporadora chegou a ser a maior do País em 2010; do total de débitos da PDG, estimado em R$ 7,7 bilhões, cerca de R$ 5,3 bilhões são de dívidas financeiras com bancos

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast) e Monica Scaramuzzo
Atualização:

A incorporadora PDG Realty, que chegou a ser maior do País em 2010, desbancando a Cyrela, anunciou em fato relevante nesta quarta-feira, 22, que entrou com pedido de recuperação judicial. É o maior pedido de proteção da Justiça do setor imobiliário e também o caso mais complexo, uma vez que no processo serão incluídos 514 empreendimentos imobiliários diferentes, cada um deles constituído por Sociedade de Propósito Específico (SPEs). As dívidas somam R$ 7,7 bilhões.

Hoje, as ações ordinárias da empresa ficaram entre as maiores baixas da Bolsa, com queda de 10,84%. Os papéis de outras concorrentes em dificuldade caíram, como a Rossi, que registrou queda de 8,59%.

Companhia ressalta que o ajuizamento da recuperação judicial também é necessário para a implementação do processo de reestruturação Foto: Márcio Fernandes|Estadão

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Do total de débitos da PDG, cerca de R$ 5,3 bilhões são de dívidas financeiras com bancos – 65% referem-se a debêntures (títulos de dívida), cédulas de crédito imobiliário e capital de giro. Entre 2014 e 2016, o grupo deu início a intensas renegociações com Bradesco, Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Votorantim para alongar boa parte dos vencimentos para 2020.

Obras paradas. A ex-líder do mercado imobiliário tem 30 empreendimentos que ainda precisam ser concluídos, que envolvem 8,2 mil apartamentos. Desse total, 14 obras estão paradas por falta de recursos, apurou a reportagem.

Até o ano passado, a PDG contabilizava 684 projetos correspondentes a mais de 146 mil unidades entregues, com presença em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Maranhão, Minas Gerais, Salvador, Pará e Amazonas) e no Distrito Federal, em mais de 70 municípios.

Em seu momento mais agudo, em novembro passado, a incorporadora decidiu contratar especialistas em empresas problemáticas. Entraram a RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, conhecido como Ricardo K; e o escritório E. Munhoz, de Eduardo Munhoz. Procurados, os dois não comentam o assunto.

Sob novas diretrizes, o executivo Márcio Trigueiro, que estava à frente da empresa há pouco mais de um ano, deixou a companhia. O executivo Vladimir Kundert Ranevsky, ex-OSX, assumiu a presidência. Além das trocas na diretoria executiva, o banqueiro Gilberto Sayão, fundador da Vinci Partners (maior acionista da construtora), deixa a presidência do conselho.

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O protocolo do pedido de recuperação judicial da PDG foi encaminhado para a 1.ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, aos cuidados do juiz Daniel Carnio. Até o fechamento desta edição, o pedido ainda não tinha sido protocolado oficialmente.

Origem. Constituída em 1998, sob a forma de sociedade anônima de capital fechado, o grupo passou a atuar como incorporadora a partir de 2003, passou a atuar como incorporadora, sob a condução de ex-sócios do BTG Pactual. eOs grandes saltos ocorreram após a abertura de capital em 2007. Em 2008 e 2010, a companhia adquiriu os grupos CHL, Goldfarb e Agre, que eram algumas das principais empresas do setor na época. No início desta década, a PDG chegou a ultrapassar a Cyrela e a MRV em volume de lançamentos anuais. Mas a liderança não durou.

A fusão de várias empresas revelou dificuldades na unificação dos processos e perda de eficiência. A partir de 2012, começaram os atrasos de obras e os estouros de orçamentos, que reverteram o lucro obtido nos anos anteriores. De lá para cá, a situação se agravou em meio à crise nacional e à explosão dos distratos de vendas.

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