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Petrobrás divulga balanço trimestral sem baixas por corrupção

Companhia anuncia que números não foram revistos por auditoria e que no momento é impraticável quantificar ativos impactados pela corrupção; lucro teve queda de 38% com relação ao trimestre anterior

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Por Redação
Atualização:

A Petrobrás divulgou na madrugada desta quarta-feira, 28, depois de dois adiamentos desde novembro, o

. O documento não contabiliza os impactos das denúncias de corrupção apuradas pela Operação Lava Jato. A Petrobrás alega ser impraticável quantificar de maneira "correta, completa e definitiva" os ativos que foram impactados por atos ilícitos.

Resultados do 3º trimestre de 2014 da estatal não foram auditados Foto: Fábio Motta/Estadão

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Entre julho e setembro do ano passado, o lucro líquido consolidado atribuído aos acionistas somou R$ 3,087 bilhões, uma queda de 38% na comparação com o trimestre anterior. No período janeiro e setembro, na comparação entre 2014 e 2013, a queda foi de 22%.

A Petrobrás informa que a divulgação do balanço, mesmo sem a revisão dos auditores independentes, tem o objetivo de atender obrigações da companhia em relação ao seus credores e permitir o acesso às informações da companhia por seus públicos de interesse, "cumprindo com o dever de informar ao mercado e agindo com transparência com relação aos eventos recentes que vieram a público no âmbito da Operação Lava Jato", informa o comunicado.

A empresa reforça que será necessário fazer "ajustes nas demonstrações contábeis para a correção dos valores dos ativos imobilizados que foram impactados por valores relacionados aos atos ilícitos perpetrados por empresas fornecedoras, agentes políticos, funcionários da Petrobrás e outras pessoas no âmbito da Operação Lava Jato”.

No comunicado, entretanto, a Petrobrás afirma que é impraticável corrigir os valores dos seus ativos impactados pelas denúncias da Lava Jato. Além disso, a empresa afirma que está avaliando metodologias para atender às exigências de órgãos reguladores.

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A presidente da empresa, Graça Foster, faz um comentário no relatório para explicar a divulgação do balanço. "Como é de notório conhecimento, a Petrobrás enfrenta um momento único em sua história. Em março de 2014, a 'Operação Lava Jato', deflagrada pela Polícia Federal com o objetivo de investigar suspeitas de lavagem de dinheiro, alcançou a Petrobrás com a prisão do ex-diretor de Abastecimento da Companhia Paulo Roberto Costa, que está sendo investigado pelos crimes de corrupção, peculato, dentre outros."

Além de explicar os resultados, Foster deixa claro que a Petrobrás tem interesse em adequar os valores. "Continuamos trabalhando para produzir as demonstrações financeiras revisadas pelo auditor externo (PwC) no menor tempo possível, não apenas em relação aos ajustes nas demonstrações contábeis, mas também à necessidade de aprimoramento dos nossos controles internos."

Endividamento. A alavancagem líquida da Petrobrás (ou seja, o seu endividamento) medida pela relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido, fechou o terceiro trimestre de 2014 em 43%, novamente acima do patamar de 35% considerado desejado pela estatal. 

O indicador havia rompido a barreira de 35% no terceiro trimestre do ano passado, ao atingir 36%. No trimestre seguinte, o indicador voltou a subir e chegou a 39%, número mantido no primeiro trimestre de 2014. No segundo trimestre do ano passado, o indicador subiu novamente e atingiu a marca de 40%.

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Embora o limite de 35% de alavancagem líquida fosse defendido pelo diretor Financeiro Almir Barbassa, a companhia já incorporou o cenário de alavancagem mais expressiva em suas projeções. No plano estratégico divulgado em fevereiro do ano passado, a Petrobrás destacou que a alavancagem teria trajetória decrescente, dentro do limite de 35%, somente a partir de 2015.

Vale destacar que tais projeções consideravam um cenário distinto do atual, sustentado em um preço do petróleo mais elevado, com o dólar em outro patamar e ainda sem qualquer informação a respeito dos casos de corrupção que viriam a dar origem à Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF). O Plano de Negócios para o período 2015-2019 ainda não foi divulgado, e por isso ainda não se sabe quais são as metas da companhia diante do ambiente menos favorável interna e externamente. (Com Agência Estado)

 

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