PUBLICIDADE

Publicidade

Petrobrás reduz o seu déficit externo

Queda no consumo de combustíveis no mercado interno ajudou no resultado da estatal no primeiro semestre

Por André Magnabosco e Antonio Pita
Atualização:

A queda no consumo de combustíveis, no mercado interno, ajudou a Petrobrás a reduzir o déficit em sua balança comercial no primeiro semestre de 2015. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) apontou que, de janeiro a junho, a diferença entre importações e exportações feitas pela estatal totalizou US$ 5,72 bilhões. O montante é 54,5% inferior ao déficit acumulado no primeiro semestre de 2014. A redução do déficit foi impulsionada pela forte retração nas importações de combustíveis para atender ao mercado doméstico. Até maio, último dado disponível, o consumo caiu em média 5% para os combustíveis, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). De acordo com a agência reguladora, no semestre, a importação de gasolina e diesel do Brasil apresentou queda de 7,9% em volume, na comparação com 2014. Somente a importação de diesel caiu 20,8%, em volume.

Consumo de combustíveis caiu em média 5% até maio, segundo a ANP Foto: Divulgação

Nos primeiros seis meses deste ano, o corte no volume das importações chegou a 42,9%, segundo o ministério. Em valores absolutos, somaram US$ 10,4 bilhões, ante US$ 18 bilhões no mesmo período do último ano. A queda permitiu à estatal conter as perdas com a revenda interna de gasolina a preços mais baixos que a importação. Para o professor da UFRJ, Edmar de Almeida, a retração está associada à desaceleração econômica. "Parte da queda no consumo de gasolina se reverte em alta do consumo de etanol, que teve uma boa safra neste ano. Recessão diminui o crescimento, e o diesel está associado à atividade econômica pelo transporte de cargas". As exportações da petroleira, por sua vez, encolheram 21,55% no semestre. Mas o balanço esconde uma mudança de postura da companhia, a partir de maio, quando os preços internacionais voltaram a subir. Desde então, as exportações subiram quatro vezes em relação a maio e junho de 2014 - volume maior do que todos os meses anteriores somados. A variação sinaliza um "ajuste" na estratégia da companhia para equacionar a geração de caixa, avalia o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie). "Como o consumo caiu, alguns contratos de importação já feitos podem ter gerado excedentes. O movimento indica um ajuste para não perder dinheiro, e ainda aproveitar os preços internacionais mais favoráveis", explicou o consultor. Retração. Em contrapartida ao cenário desfavorável, a Petrobrás também registrou retração na produção de derivados. A estatal confirmou que a atividade das refinarias varia mensalmente, com o objetivo de alcançar "o melhor resultado econômico", de acordo com fatores como a cotação internacional do petróleo e derivados importados e a previsão de demanda de combustíveis no País. A companhia reconheceu, no primeiro trimestre, uma queda de 8% na produção de derivados em relação ao mesmo período de 2014. A estratégia da companhia foi, diante do momento ruim, realizar paradas programadas de manutenção do parque de refino, após quase dois anos de utilização na carga máxima, com cerca de 99% de uso das unidades. Atualmente, estão paradas as unidades de Paulínia (Replan), em São Paulo, e Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. No primeiro trimestre, também a Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, ficou parada. As paradas foram parcialmente compensadas com a entrada em operação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em dezembro do último ano, que é focada na produção de diesel.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.