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Petrobrás tem dificuldade na busca por conselheiros

Convidados para cargos no conselho têm colocado como condição a apresentação do balanço auditado, que pode sair na sexta-feira

Por Fernanda Nunes
Atualização:

RIO - O governo encontra dificuldades para substituir os conselheiros de administração da Petrobrás, que serão definidos em assembleia-geral da empresa no próximo dia 29. A União quer dar um caráter técnico ao conselho, como parte da estratégia de retomada da credibilidade na estatal. Por isso, três nomes já indicados devem ser substituídos logo após a apresentação do balanço contábil da empresa. Entre os atuais conselheiros, a expectativa é que os dados financeiros sejam apresentados na próxima reunião, no dia 17. A apresentação dos dados auditados é uma condição colocada pelos indicados para que aceitem a missão. O mesmo já havia acontecido com o futuro presidente do conselho, Murilo Ferreira, o presidente da Vale. O nome dele, entretanto, já foi anunciado e será levado a votação na assembleia ordinária, juntamente com outros três executivos que devem ficar no cargo em caráter "temporário". Um deles é o diretor financeiro Ivan Monteiro, que ficará até o balanço ser auditado. Além dele, devem sair o militar Francisco Roberto de Albuquerque e o empresário Sérgio Franklin Quintella. O presidente da estatal, Aldemir Bendine, continuará no conselho, segundo fontes próximas ao colegiado. A intenção é indicar nomes de especialistas em áreas de interesse da companhia. Um exemplo citado é o de Luiz Navarro, que assumiu em janeiro o lugar do secretário executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann. Ele é especialista em governança corporativa. O governo controla sete dos dez assentos do conselho, por ser o acionista majoritário da empresa. Uma vaga será ocupada por Deyvid Bacelar, representantes dos funcionários, que foi eleito em janeiro. As demais são destinadas a acionistas minoritários, que tiveram indicações feitas por fundos de investimento. O Bradesco Asset Management S/A indicou ontem os nomes do analista de investimento Eduardo Bunker Gentil e do advogado Otávio Yazbek. No início da semana, a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) havia indicado Walter Mendes de Oliveira Filho e Guilherme Affonso Ferreira para as vagas de acionistas minoritários. Os eleitos vão substituir Mauro Cunha e José Monforte, que se recusaram a continuar no cargo por divergir dos rumos e da ingerência do governo no conselho.

O governo encontra dificuldades para substituir os conselheiros de administração da Petrobrás, que serão definidos em assembleia-geral da empresa no próximo dia 29. Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Balanço. Os atuais conselheiros esperam que o balanço da empresa relativo a 2014 seja avaliado na próxima reunião, no dia 17. Até a segunda-feira, os conselheiros devem receber a pauta da reunião, que poderá trazer a análise dos números. Ontem, em comunicado, a estatal reafirmou que ainda trabalha no balanço. "Essas análises poderão resultar no reconhecimento de perdas a serem refletidas nos resultados. Tais ajustes ainda estão sendo avaliados". Dois pontos ainda faltam ser tratados para que o resultado seja finalmente publicado. O primeiro é chegar a um consenso sobre a melhor metodologia de cálculo das perdas. Sem uma metodologia definitiva, a diretoria ainda não apresentou aos conselheiros a estimativa do prejuízo decorrente da corrupção investigada na Operação Lava Jato. Fontes indicaram que a baixa contábil, que incluirá perdas com a depreciação de ativos, deve ficar entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões. Outro ponto é a definição pela auditoria independente dos nomes de funcionários da estatal que são suspeitos de participar do esquema de desvio de recursos e ainda participam da contabilidade do balanço.

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