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Petrobrás tem três auditorias internas

Relatórios foram entregues à Price, mas auditoria quer analisar todo o trabalho elaborado pelos auditores antes de dar aval ao balanço

Por Antonio Pita
Atualização:
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, foi preso em março Foto: Andre Dusek/Estadão

Após oito meses, a Petrobrás concluiu na última semana três auditorias internas sobre as denúncias de corrupção que assolam a estatal desde o início do ano. Os relatórios foram entregues à PricewaterhouseCoopers (PwC), que audita as contas da petroleira, mas a medida não foi suficiente para convencer os auditores a aprovarem o balanço trimestral da companhia, que seria divulgado hoje. 

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Temendo ser responsabilizada por não ter se posicionado sobre as irregularidades, a PwC decidiu só aprovar os resultados após analisar todo o material elaborado pela auditoria interna da estatal. 

Foram investigadas denúncias relacionadas à construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e também sobre a polêmica aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, que causou prejuízos estimados de mais de US$ 1 bilhão.

Somente o resumo das investigações sobre Pasadena possui mais de 150 páginas, segundo apurou o Broadcast. O volume completo possui mais de três mil páginas que detalha com atas de reuniões, cópias de e-mails, relação de telefonemas e outros documentos toda a concepção, aprovação e desdobramentos do projeto. 

Lava Jato. Todos os projetos investigados pelas auditorias foram gestados na diretoria de Abastecimento da estatal, comandada à época por Paulo Roberto Costa, preso em março durante a Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Após a delação premiada do ex-diretor, que denunciou o envolvimento de outros executivos da empresa e desvios também na subsidiária de logística, a Transpetro, a PwC cobrou atitudes da direção da Petrobrás sob ameaças de não aprovar o resultado trimestral. 

O encontro foi em outubro e semanas depois, após o segundo turno das eleições, a Petrobrás anunciou a contratação de dois escritórios de advocacia para aprofundar as auditorias e responder às investigações abertas também nos EUA. Na última semana, outra condição apontada pela auditoria foi cumprida pela estatal. O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, se afastou do cargo. Segundo fontes, ele obstruía o trabalho de auditores. 

A apresentação do resultado das auditorias internas da estatal era outra condição da PwC. Também os conselheiros de administração da estatal cobraram nos últimos meses relatórios parciais sobre o andamento das investigações, sem sucesso. Hoje, em reunião extraordinária do conselho, os relatórios serão apresentados. 

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Fontes próximas ao colegiado avaliam que a decisão do adiamento da apresentação de resultados, mesmo após o cumprimento de todas as exigências, é uma tentativa de blindar a PwC dos escândalos. “Ela audita as contas da Petrobrás desde 2012 e nunca apontou nada, agora quer colocar condições?”, diz um conselheiro. 

O adiamento foi definido na tarde desta quinta-feira. Os integrantes do Conselho de Administração da companhia receberam um telefonema no final da tarde, avisando sobre a alteração da pauta prevista para a reunião desta sexta-feira. 

 

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