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Petrobrás vende Liquigás para grupo Ultra por R$ 2,8 bilhões

Com a operação, Ultragaz passa a deter 45% do segmento de venda de gás de cozinha

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:
Liquigás, da Petrobrás, vice-líder em gás de cozinha, foi alvo da cobiça de todas as principais empresas do setor Foto: Agliberto Lima|Estadão

O grupo Ultra, dono da rede de postos de combustíveis Ipiranga, anunciou nesta quinta-feira, 17, a compra da Liquigás, vice-líder em gás de cozinha, da Petrobrás, por R$ 2,8 bilhões, conforme antecipou o Estado. As conversas entre as duas empresas relativas ao negócio começaram no primeiro trimestre deste ano e avançaram nas últimas semanas.

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Mas a assinatura do contrato só ocorreu nesta quinta-feira, 17. Com a aquisição, o Ultra, que já era a primeira do setor, com a Ultragaz, torna-se o líder isolado, com participação no mercado nacional estimada em cerca de 45%. A transação foi coordenada pelo Itaú BBA, que assessorou a estatal; e o Bradesco BBI, que representou o Ultra. 

Apontada como favorita desde o início das negociações, a companhia disputou o ativo com suas principais concorrentes em gás no Brasil, com a holandesa Supergasbrás (SHV), a Nacional Gás e a Copagaz, além de investidores estrangeiros, como o grupo turco Aygaz. 

A conclusão da operação está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e dos conselhos dos dois grupos. Até o julgamento da operação pelo Cade, as companhias manterão as operações separadas.

A expectativa do mercado é de que o órgão antitruste imponha restrições à aquisição, pois as duas empresas têm forte concentração em Estados como Bahia (61%), Santa Catarina (51%), Rio Grande do Sul (57%) e São Paulo (57%).

Venda de ativos. A venda da Liquigás faz parte de um pacote de desinvestimentos da Petrobrás, que busca reduzir sua dívida e sair de negócios não estratégicos. Contabilizada a venda da empresa de gás de cozinha, a estatal já se desfez de US$ 11 bilhões em ativos - o negócio mais vultoso foi a venda de 90% do gasoduto NTS para a canadense Brookfield, por US$ 5,2 bilhões, em setembro.

A meta é arrecadar US$ 15,1 bilhões para o biênio 2015/2016, disse a gerente executiva de aquisições e desinvestimentos da estatal, Anelise Quintão Lara, em teleconferência com imprensa.

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O grupo Ultra, por meio de comunicado, disse que a união entre as duas empresas vai proporcionar importantes ganhos de eficiência. “O Ultra tem um compromisso histórico com o setor de GLP desde sua fundação e acredita no fortalecimento da economia brasileira”, disse o diretor presidente do Ultra, Thilo Mannhardt, em nota.

A Ultragaz, fundada em 1937, é a primeira distribuidora de GLP do Brasil e atende a aproximadamente 11 milhões de domicílios com o tradicional botijão de 13 kg.

Com atuação em diversos setores, como logística (com a Ultracargo), química (Oxiteno) e varejo farmacêutico (com a rede Extrafarma), o Ultra, que faturou R$ 75 bilhões em 2015, realizou nos últimos anos importantes aquisições para reforçar seu portfólio.

Em junho passado, comprou a rede de postos Ale, por R$ 2,17 bilhões, com o objetivo de consolidar a rede da Ipiranga na vice-liderança em distribuição de combustíveis.

Em outubro de 2013, a companhia adquiriu a Extrafarma, fazendo sua estreia no setor farmacêutico. Fontes de mercado afirmam que a rede estaria olhando a bandeira Big Ben, que pertence à BR Pharma, do BTG.

A estratégia do grupo é usar os postos de combustíveis para buscar sinergia com as vendas de rede de farmácia.

Diversificação. Considerado mais conservador em sua estratégia de expansão, pois costuma dar prioridade ao crescimento orgânico o Ultra começou uma “virada” em seus negócios em 2007, com a compra dos ativos da Ipiranga, colocando os pés de vez no varejo.

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Seis anos antes, em 2001, o Ultra, que tinha uma atuação concentrada em gás de cozinha, segmento que deu origem ao grupo, logística e química, havia tentado, sem sucesso, se tornar uma gigante petroquímica. Na época, grupo fez uma oferta pelos ativos da Copene (que se tornou mais tarde a Braskem, sociedade entre Odebrecht e Petrobrás). / COLABOROU FERNANDA NUNES, DO RIO

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