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Petroleiros fazem greve de 24 horas contra falta de segurança em plataformas

Após acidente que matou cinco trabalhadores da Petrobrás, petroleiros fazem manifestações em várias cidades pedindo mais segurança no trabalho

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Por Redação
Atualização:
Navio-plataforma Cidade de São Mateus sofreu uma explosão na quarta-feira; fotos mostram uma inclinação na embarcação Foto: Marinha do Brasil

(Texto atualizado às 11h15)

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VITÓRIA - A Federação Única dos Petroleiros (FUP) iniciou nesta sexta-feira, 13, uma paralisação nacional de 24 horas entre trabalhadores de plataformas de petróleo. Na maioria dos locais, o protesto começou à 0h; em algumas unidades, na tarde de ontem e na manhã de hoje. Os trabalhadores suspenderam os serviços e plataformas, refinarias e poços terrestres. No caso das plataformas, o embarque está sendo realizado, mas as atividades foram suspensas. 

De acordo com a FUP, funcionários da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e da Refinaria Gabriel Passos, em Minas, nas quais o protesto começou às 0h de hoje, já decidiram em assembleia que ficarão de braços cruzados por mais 8 horas. 

O ato pede mais segurança nas plataformas e lembra os cinco mortos no acidente com o navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, na Bacia do Espírito Santo. Ao todo, 26 ficaram feridas no incidente com a embarcação, operada pela BW Offshore, de acordo com informações oficiais. 

"Os petroleiros estão indignados com essa questão, que não é só da Petrobrás, é da indústria de petróleo do Brasil", afirma o diretor de comunicação da FUP, Chico Zé. 

Em Vitória, onde embarcavam os trabalhadores do Cidade de São Mateus até o acidente, o protesto foi liderado pelo Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES). No aeroporto da capital caipxaba, durante a madrugada, trabalhadores foram impedidos por sindicalistas de embarcar em voos de helicóptero que os levariam a plataformas. Após cerca de três horas, no entanto, eles foram autorizados a entrar nas aeronaves e seguiram para o local de trabalho. 

Embora o navio-plataforma seja afretado desde 2009 pela Petrobrás, a estatal e o governo tentam vincular o acidente na unidade apenas à BW Offshore. A norueguesa é a dona e operadora da plataforma que sofreu uma explosão na quarta-feira.

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Denúncias. Trabalhadores da Transpetro, subsidiária de transporte da Petrobrás, decidiram denunciar a empresa aos órgãos fiscalizadores alegando insegurança nas operações do Terminal de Campos Elíseos (Tecam). Em seu site, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) relata que devido ao corte do pagamento de Adicional de Sobreaviso Parcial para reduzir custos, não haverá trabalhadores de manutenção e inspeção de equipamentos e também técnicos de segurança do trabalho para responder ocorrências ou emergências fora do horário administrativo, apesar de os dutos operarem 24 horas por dia transportando gás e óleo.

O adicional de sobreaviso é pago para garantir que empregados permaneçam em regime de plantão, aguardando qualquer chamada de emergência, mesmo nos períodos de descanso.

Site do Sindipetro-ES publicou charge de protesto contra falta de segurança no trabalho Foto: Reprodução

"Diante desta situação de risco, os trabalhadores decidiram denunciar esta situação aos órgãos fiscalizadores e à população, pois, caso venha ocorrer uma acidente e não haja resposta, a responsabilidade será da Transportadora Associada de Gás (TAG), da Transpetro e da Petrobrás, que está apostando que é mais barato correr o risco do que ter uma equipe à disposição para qualquer ocorrência ou emergência", dizia a nota.

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De acordo com a nota, o sindicato dos empregados do município de Duque de Caxias (RJ), o Sindipetro-Caxias, deverá alertar a população e as autoridades de que não haverá trabalhadores disponíveis para atender ocorrências fora do horário administrativo e, assim, um eventual corte de gás poderá paralisar usinas termoelétricas, siderúrgicas e postos de combustíveis. "O mesmo vale para um eventual vazamento de gás ou óleo", diz o texto.

A Transpetro, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que "a companhia trabalha com o sobreaviso parcial segundo suas necessidades operacionais" e acrescenta que alterações ocorrem após análises técnicas, sem "colocar em risco a segurança das operações". A empresa ainda argumenta que monitora remotamente, sem interrupção, todas as atividades de transporte por dutos. (Com Carina Bacelar, Fabio Grellet, Mariana Durão, Fernanda Nunes)

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