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PIB deve crescer 0,7% em 2017, diz Ipea

Instituto retoma divulgação de projeções para os principais índices econômicos do País após um jejum de dez anos

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - Após atravessar a recessão mais longa da história, a atividade econômica já está em recuperação, segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve ter avanço de 0,3% no primeiro trimestre de 2017, ante o último trimestre de 2016, segundo projeção divulgada ontem pelo Grupo de Conjuntura do instituto. No encerramento do ano, a previsão é de crescimento de 0,7% na atividade econômica.

Em março, os custos de Alimentação subiram 0,34% Foto: Werther Santana|Estadão

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"Isso seria muito baseado numa recuperação da indústria e num crescimento da agropecuária. Embora a agropecuária tenha participação pequena no PIB, ela tem encadeamento importante na economia”, ressaltou José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.

O instituto retoma a divulgação de projeções para os principais índices econômicos do País após um jejum de cerca de dez anos. As estimativas consideram um cenário sem grandes mudanças no ambiente externo, com estabilização da situação política doméstica e avanços na aprovação de reformas que deem suporte a um novo regime fiscal.

“O que condiciona as nossas projeções é a aprovação de reformas. As reformas terão grande impacto nas projeções deste ano. E a gente está pegando um cenário externo neutro. Houve melhora de commodities no curto prazo, mas a gente não acha que seja um novo ciclo de commodities, então o cenário é neutro”, disse Castro.

Segundo ele, reformas como a da Previdência e a trabalhista melhorariam o ambiente de negócios e mudariam o regime fiscal para dar sustentabilidade à divida pública. “Alterar a trajetória de dívida pública é essencial”, defendeu o pesquisador, para quem o contingenciamento anunciado pelo governo ajuda mais a recuperar credibilidade do que atrapalha a atividade.

O Ipea divulgou também expectativas para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A projeção é de que o IPCA feche o ano em 3,9%, bem abaixo do centro da meta de inflação para o ano, de 4,5%.

Em 2018, com aumento no ritmo de crescimento do PIB, haveria espaço para a recomposição de margens pelas empresas ao mesmo tempo em que a oferta mais abundante de alimentos deixaria de contribuir para a redução de preços, então a inflação voltaria a subir levemente para níveis próximos ao centro da meta. O Ipea espera um crescimento de 3,6% da atividade econômica em 2018, com inflação pelo IPCA em 4,5%.

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O cenário projetado pelo Grupo de Conjuntura inclui um contexto que permita ao Banco Central reduzir a taxa básica de juros, a Selic, para 8,75% ao ano ao final de 2017, mantendo esse mesmo patamar ao longo de 2018.

“O que a gente pode observar pela comunicação do Banco Central seria dar uma concentrada na redução dos juros nas próximas reuniões e parar para avaliar depois”, contou o diretor do Ipea.

Segundo as estimativas, a recuperação do PIB será puxada pela demanda doméstica, com avanço dos investimentos e retomada gradual do consumo das famílias, impulsionada pela redução da inflação e dos juros, pela liberação dos recursos do FGTS e pela estabilização das condições do mercado de trabalho. Num segundo momento, o consumo aumentaria devido à melhora no mercado de trabalho, com aumento das contratações e redução do desemprego, além de alívio das condições do crédito. Quanto à capacidade produtiva ociosa atual, o instituto aponta um hiato de produto da ordem de 7%, como reflexo da ociosidade produtiva causada pela recessão.

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