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Freada da economia corta 552 mil postos de trabalho formal no País

Emprego com carteira assinada caiu 1,5% no trimestre até abril em relação a igual período de 2014; segundo o IBGE, cenário aponta para um aumento da informalidade

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

RIO - O aumento do desemprego reflete a queda na atividade, já evidenciada pelo recuo do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, afirma Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Há dificuldade de permanência do emprego e de geração de novas oportunidades. Então, o cenário que se mostra hoje é de perda de emprego, perda de qualidade de emprego e remetendo a uma geração de trabalho focado na informalidade", afirmou. 

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Um dado que reflete a piora no mercado de trabalho brasileiro é o de emprego com carteira no setor privado. Houve queda de 1,5% no trimestre até abril deste ano em relação a igual período de 2014, o que significa um corte de 552 mil vagas formais. O indicador funciona como um termômetro da qualidade do emprego no País, já que, além da formalização, possui um rendimento médio mais elevado.

"Isso é reflexo daquilo que aconteceu lá (no PIB). Se não gera trabalho, se a produção reduz, a consequência é essa", disse. O PIB brasileiro recuou 0,2% no primeiro trimestre em relação aos três últimos meses de 2014. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a queda foi de 1,6%, a maior neste confronto desde o segundo trimestre de 2009 (-2,3%).

Além da desaceleração da atividade, sempre há no início do ano um aumento da desocupação devido ao movimento sazonal de dispensa de temporários, explicou Azeredo. Há ainda a expectativa de quanto o mercado de trabalho vai reter dessa mão-de-obra contratada para atender à demanda das festas de fim de ano. "Neste ano, porém, o mercado não reteve nada, ele botou para fora", disse o coordenador.

Houve perda de emprego, e pessoas que precisavam de um trabalho imediato acabaram atuando por conta própria, seguindo o caminho da informalidade - Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE

A taxa de desocupação medida pela Pnad Contínua subiu a 8% no trimestre até abril deste ano, o maior resultado já observado na série, iniciada em janeiro de 2012. "Na carteira de trabalho, isso (queda na ocupação) é visível. O aumento de carteira dos últimos anos acaba se revertendo. Mas não é só quem tem carteira que está perdendo trabalho", afirmou Azeredo. 

O emprego sem carteira diminuiu 3,7% no trimestre até abril em relação a igual período de 2014. Ou seja, 384 mil postos nesta posição foram extintos. "Houve perda de emprego, e pessoas que precisavam de um trabalho imediato acabaram atuando por conta própria, seguindo o caminho da informalidade", disse Azeredo.

Já o emprego por conta própria foi engrossado por um contingente de 1,024 milhão de pessoas no trimestre até abril deste ano em relação a igual período do ano passado. A diferença representa alta de 4,9% no período. "Parte expressiva do conta própria é emprego informal. Pode ser o cara que trabalha na praia vendendo lanche", explicou o coordenador do IBGE. 

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