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Planalto monitora preparação para greve do dia 28 e pode cortar ponto de quem parar

Governo teme que manifestações contaminem tramitação de reformas no Congresso

Por Tania Monteiro e Carla Araujo
Atualização:

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto está preocupado e monitora as mobilizações das diferentes categorias para a greve geral convocada por várias centrais sindicais para a próxima sexta-feira, 28. O governo estuda, inclusive, cortar o ponto dos grevistas. Ainda não há uma ideia do número de pessoas que irá às ruas nesta sexta-feira, 28, nem do tamanho das manifestações que poderão ser realizadas no Primeiro de Maio, na segunda, 1º.

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Mas o governo teme que, a depender do tamanho dos protestos, haja um adiamento no calendário de discussão das reformas no Congresso. O Planalto quer evitar que a mobilização nas ruas incentive pessoas a virem para Brasília protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência. Nesta terça, a comissão especial da Câmara aprovou por 27 votos a 10 o texto-base da mudança na CLT.

O Planalto estuda punir os grevistas do serviço público que faltarem ao trabalho na sexta. O Ministério do Planejamento está preparando uma determinação para que todos os ministérios cortem o ponto dos funcionários que faltarem ao trabalho no dia da greve geral.

Temor é que Congresso adie discussão sobre reformas trabalhista e da Previdência Foto: André Dusek/Estadão

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta terça-feira que vai cortar o ponto de funcionários do município que aderirem ao movimento. No Planalto, a avaliação é que cortar o ponto de quem não trabalha é cumprir uma regra. O governo federal deve alegar que, nos 13 anos de administração petista, as regras não eram respeitadas e não havia nenhum prejuízo aos grevistas que "prejudicavam barbaramente" a população.

Paralelamente, o Planalto ainda está tentando conversar com centrais sindicais para que elas não convoquem seus associados a aderir à paralisação. A ideia é tentar convencê-los de que a greve só servirá para reforçar o discurso do PT.

Nesta terça-feira, as primeiras discussões para analisar a greve foram feitas no Planalto, com a presença da Casa Civil, do Gabinete de Segurança Institucional, da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, da Agência Brasileira de Inteligência, entre outros órgãos.

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Para esta quarta-feira, uma nova reunião foi convocada com secretários-executivos e representantes de todos os ministérios. O encontro deve avaliar o tamanho da mobilização e os focos de paralisação dentro do poder público.

Um grupo de monitoramento será criado e relatórios serão preparados para serem apresentados ao presidente Michel Temer. A Secretaria de Segurança Pública do DF também montou um centro de acompanhamento. Já há decisão de governo para que a Esplanada dos Ministérios seja fechada na sexta-feira para evitar qualquer tipo de depredação aos prédios públicos.

As redes sociais estão sendo monitoradas, mas as adesões anunciadas podem não refletir a realidade nos dias de protesto. Somente as horas que antecedem os movimentos poderão dar uma dimensão da mobilização nas ruas.

O Planalto quer esperar as mobilizações para decidir se mantém a votação da reforma da Previdência na segunda semana de maio.