Publicidade

Popular no PT, Bendine quer atuação mais agressiva

Visão é de que novo presidente do BB defenderá a economia e não os bancos

Foto do author Vera Rosa
Por Lu Aiko Otta , Vera Rosa , Fabio Graner e BRASÍLIA
Atualização:

Funcionário há 30 anos do Banco do Brasil , onde iniciou a carreira como estagiário, o novo presidente do BB, Aldemir Bendine, é popular entre políticos do PT e ligado a Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa aproximação com os companheiros de partido - que o chamam Dida - fez da indicação um novo ícone dos que defendem uma ação mais política do banco. "Ele não é filiado, mas tem mais afinidade com a política do governo", disse o líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza (SP). Seja porque o ex-presidente Antonio Lima Neto forjou o perfil de "um homem de mercado", que o distanciou dos objetivos do governo, seja porque Bendine se moldou às demandas do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o fato é que o novo presidente é identificado no governo como aquele que defenderá o desenvolvimento econômico e não os bancos. Essa linha de atuação é o crachá de apresentação de Bendine. Ele próprio diz que não é petista, não é filiado, mas tem apreço pela tese prevalecente no Planalto segundo a qual o BB, apesar de ter ações negociadas em bolsa e pertencer ao novo mercado, pode, sim, voltar suas atividades para o interesse público. A missão que Bendine se propõe é a de ser o fio condutor da queda das taxas de juros e do spread bancário (diferença entre o custo para captar recursos e a taxa cobrada no repasse ao cliente). A leitura mais simples é a de que ele vai fazer o que o presidente Lula quer e reduzir os juros. "Mas não é intenção do presidente ter no BB alguém que só diga sim, que seja um dois de paus", disse um ministro. Dida entrou no BB como estagiário, foi gerente de uma agência em Piracicaba (SP) e ocupou vários cargos de direção. Atualmente, é vice-presidente de Cartões e Novos Negócios de Varejo e teve sua indicação a presidência comemorada por petistas de dentro e de fora do governo. "Ele defende o desenvolvimento econômico, não os bancos", disse Vacarezza. "A repercussão (da indicação) na bancada foi muito positiva." O próprio Bendine não escondeu seu alinhamento com as bases petistas. Na entrevista após a indicação, a primeira coisa que fez foi ressaltar a importância do funcionalismo da casa, que é "o maior ativo" do banco. Ele promete uma atuação mais agressiva. A guinada pretendida por Mantega e Bendine reforça os temores do mercado quanto ao uso político da instituição. A preocupação, porém, não é partilhada pelo governo. O ministro comentou que Lima Neto também foi indicação sua. "Então, por que não dizer que nos últimos dois ou três anos houve ingerência política?"

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.