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Potencial de consumo é de R$ 64,5 bilhões

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

Apesar dos altos e baixos da atividade econômica, o potencial de consumo das favelas brasileiras é gigantesco. As 12 milhões de pessoas que vivem hoje nas favelas possuem renda anual de R$ 64,5 bilhões, segundo o instituto Data Favela. Na avaliação de Renato Meirelles, fundador do instituto, a população que mora nas favelas tem mecanismos de resistência para enfrentar as flutuações da atividade econômica, apesar da falta de patrimônio. “Um quarto das famílias recebe o Bolsa Família, que é uma renda fixa, que não está sujeita ao vaivém da conjuntura”. Outro ponto levantado por Meirelles é o emprego formal: 51% dos moradores têm trabalho com carteira assinada. “A geração de empregos formais promoveu certa estabilidade econômica na favela”.

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Além disso, existe uma “solidariedade financeira” entre os moradores que não há em outras camadas de renda. Segundo a pesquisa, 38% emprestam dinheiro para algum vizinho e mais da metade (59%) dos que possuem cartão de crédito declara já ter cedido o cartão para algum conhecido usá-lo.

Bancarização. Meirelles destaca também que o baixo índice de pessoas desse estrato social que estão inseridas no sistema financeiro também funciona como uma rede de proteção contra a inadimplência descontrolada. No ano passado, por exemplo, 39% dos entrevistados informaram ter conta em banco. Neste ano, essa fatia teve uma ligeira alta e atingiu 41%. Mesmo assim, é indicador ainda baixo.

O quadro é semelhante no caso do cartão de crédito. Na pesquisa do ano passado, 34% dos entrevistados declararam ter cartão. Neste ano, esse indicador subiu para 37%. “O mercado consumidor que existe nas favelas é muito importante”, afirma Meirelles. Se as favelas brasileiras fossem um Estado, seria o quinto maior em população, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia. Em termos de poder de consumo, circula nas favelas uma renda equivalente a economia da Bolívia e do Paraguai juntas, compara o pesquisador.

Essas e outras informações fazem parte de um livro intitulado Um país chamado favela, de autoria de Meirelles e Celso Athayde, presidente da Favela Holding e criador da Central Única das Favelas, que será lançado na semana que vem. Segundo Meirelles, o trabalho reúne experiências de vida real e técnicas de pesquisa para construir o perfil da nova favela brasileira. A intenção, segundo ele, é quebrar o estereótipo que existe e que passa uma visão preconceituosa que os moradores da cidade têm da favela.

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