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Preços de ativos no mercado financeiro refletem expectativa por condenação de Lula

Analistas esperam que o TRF-4 negue o recurso do ex-presidente contra sua condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na operação Lava Jato; em caso de absolvição do petista, cenário externo favorável serviria como 'amortecedor'

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Por Redação
Atualização:

Os mercados financeiros brasileiros já precificaram ampla derrota do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no julgamento desta quarta-feira, 24, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre (RS), o que o colocaria mais longe da corrida eleitoral, segundo especialistas ouvidos pela Reuters.

Por outro lado, uma decisão da segunda instância que abra ao líder petista leque maior de recursos para se manter na corrida eleitoral deve se converter em dólar mais caro, apostas de juros maiores e quedas na B3, a Bolsa brasileira. Neste cenário, o ajuste só não seria maior por conta do ambiente externo positivo nas principais economias do mundo.

Para analistas do mercado financeiro, oque está 'na conta' é um resultado de três votos a zero contra o recurso de Lula no TRF-4. Foto: Mauro Pimentel/AFP

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“O que está na conta é três a zero, e isso aparece no quadro todo: se olhar juros mais para frente e expectativa para câmbio, é o quadro básico que está refletido no preço”, afirmou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

O mercado espera que os três juízes federais da 8ª Turma do TRF-4 neguem o recurso de Lula contra sua condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na operação Lava Jato. Uma eventual divergência entre os magistrados permite um número maior de recursos.

Na hipótese de os três rejeitarem o recurso de Lula, ainda que divergindo sobre o tempo de prisão, o dólar permaneceria no patamar atual, podendo até mesmo cair para o patamar entre R$ 3,12 a R$ 3,15, de acordo com a ampla maioria dos economistas ouvidos pela Reuters.

Caso dois julgadores votem contra o recurso, mas um acolha a apelação do político, o dólar poderia valorizar um pouco mais, girando em torno do patamar entre R$ 3,25 e R$ 3,30, e o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira desceria abaixo do recorde de 80 mil pontos atingido na semana passada.

Esse placar também daria viés de alta à ponta longa dos contratos de juros futuros, para sinalizar que o mercado aposta em menor compromisso fiscal do ex-presidente, líder nas pesquisas de intenção de voto, em eventual retorno à Presidência.

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“Com placar de 2 a 1, teremos viés negativo em todos os ativos e (essa tendência) vai se arrastar muito tempo”, disse a economista da CM Capital Markets, Camila Abdelmalack.

Lula pode ficar inelegível, barrado pela lei da Ficha Limpa, caso seja condenado em segunda instância. Até a decisão final, no entanto, a defesa do ex-presidente tem vários recursos para adiar o processo e tentar evitar que, no dia dos registros das candidaturas, em 15 de agosto, Lula possa ser considerado inelegível.

Absolvição. Um resultado a favor de Lula levaria a brusco ajuste nos preços dos principais ativos, como valorização do dólar, queda da Bolsa, aumento dos juros futuros e mesmo subida do risco Brasil, medido pelos Credit Default Swaps (CDS) - um tipo de seguro contra calote de dívidas.

“A absolvição, por qualquer placar, se coloca como um evento altamente improvável, um Cisne Negro, e representaria forte deterioração dos ativos nacionais”, afirmou o operador Corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.

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Em números, analistas citam o dólar acima de R$ 3,40, o Ibovespa de volta aos 55 mil pontos e os contratos mais longos de juros futuros com alta de até oito pontos percentuais.

Apesar dos solavancos esperados em possíveis cenários resultantes do julgamento de Lula que não agradem aos mercados, os movimentos deverão ser suavizados pelos cenário externo mais positivo, com maior recuperação da atividade global e políticas monetárias sem surpresas.

“O mercado melhorou muito nesse começo de ano. Tem uma sequência de eventos nos Estados Unidos que melhoraram, ativos de risco melhorando lá fora e aqui”, acrescentou o economista-sênior do Banco Haitong, Flávio Serrano.

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