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Seis em cada dez desempregados são pretos ou pardos, diz IBGE

No 3º trimestre, rendimento médio dos trabalhadores pretos e pardos foi de R$ 1.531, enquanto o dos brancos foi de R$ 2.757

Por Vinicius Neder e
Atualização:

RIO – Pessoas de pele preta e parda sofrem mais com o desemprego e, quando têm emprego, trabalham em atividades de menor qualificação e em piores condições, como o trabalho doméstico ou de ambulante. Seis em cada dez pessoas desempregadas no terceiro trimestre têm a pele preta ou parda. Como resultado, o rendimento médio dos trabalhadores pretos e pardos (R$ 1.531) foi quase a metade (55,5%) do registrado para brancos (R$ 2.757), mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) trimestral, divulgada nesta sexta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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No terceiro trimestre, 12,961 milhões de pessoas estavam desempregadas, segundo a Pnad Contínua. Dessas, 8,252 milhões têm a pele preta ou parda, 63,7% do total - pessoas de pele preta e parda respondem por 53% da população que está trabalhando. A taxa de desemprego da população preta ou parda é de 14,6%, acima da média, que ficou em 12,4%. Entre as pessoas de pele branca, a taxa de desemprego ficou em 9,9%.

No 3º trimestre, 12,961 milhões de pessoas estavam na fila do desemprego – dessas, 8,252 milhões têm a pele preta ou parda, 63,7% do total Foto: Márcio Fernandes/Estadão

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“Eles (pessoas de pele preta ou parda) estão inseridos em atividades com menor qualidade, que exigem menor formação e, consequentemente, são grupos de atividades que pagam salários menores”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, que incluiu na pesquisa um estudo sobre as desigualdades conforme a cor da pele, por causa do Dia da Consciência Negra.

O estudo mostra que 66,7% dos 1,832 milhão de brasileiros que trabalham como ambulantes são pretos ou pardos - entre empregadas e empregados domésticos, são 6,177 milhões, ou 66%. 

Empregada doméstica, Lúcia Santos, de 26 anos, decidiu mudar de profissão, para “ser mais bem tratada” e “deixar de ser a que lava o vaso sanitário dos patrões”. Após um ano e meio de formação técnica em enfermagem, planeja para 2018 a guinada na carreira, mas acredita que ainda enfrentará preconceitos pelo fato de sua pele ser preta. “A gente está no século 21, mas as pessoas ainda tratam mal as outras por causa da raça e da classe social”, afirmou.

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