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Previ quer investirem fatias menores de empresas

Movimento reflete a busca do fundo de pensão do BB por ativos com alta liquidez para fazer frente ao pagamento de benefícios a seus associados

Por Mariana Durão
Atualização:

RIO - Dona de um patrimônio de R$ 163,2 bilhões, a Previ tende a adotar cada vez mais a estratégia de investimento em participações menores e sem presença no controle das companhias. O movimento reflete a busca do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil por ativos com alta liquidez, para fazer frente ao pagamento de benefícios a seus 200 mil associados. A ordem é deixar a carteira de participações preparada para aproveitar oportunidades como a que levou à venda da fatia da Previ na CPFL para a chinesa State Grid, disse ao ‘Broadcast’, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o diretor de participações do fundo Renato Proença.

Enquanto a indústria de fundos de pensão tem 70% de seus ativos alocados em renda fixa, a Previ tem quase metade (45,9%) dos ativos do Plano 1 – o maior do fundo, com R$ 151,6 bilhões em investimentos – aplicados em renda variável. O fundo tem participações em companhias como Petrobrás, Vale, Neoenergia, Invepar, Embraer, Ambev, Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. No ano passado, o fundo pagou R$ 9,4 bilhões em benefícios.

Valor é equivalente a redução de 0,8% nas contas Foto: Divulgação

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“O importante é deixar os ativos na prateleira. Assim que houver uma oportunidade você pode tirar dela”, diz Proença. Isso significa criar janelas de saída dos ativos. O executivo usa a CPFL como exemplo. Ao se desfazer dos 29,4% na empresa, a Previ levantou R$ 7,5 bilhões. “Se você me perguntasse no início do ano se a CPFL estava à venda, a resposta seria não. Mas a empresa estava preparada, recebeu uma oferta com prêmio e diante disso a decisão foi: como investidor é um bom momento de monetizar o ativo”, conta.

O movimento de venda faz parte da política da Previ, mas o diretor ressalva que não há liquidação de ativos. As operações serão graduais. As alternativas passam por redução da fatia em uma empresa, venda total e aumento da diversificação, com participações pulverizadas em várias empresas do mesmo setor. Nos últimos anos, o porcentual do patrimônio alocado em renda variável no Plano 1 vem caindo, saindo de 64,5%, em 2010, para os atuais 45,9%.

‘Megatendências’. Proença reconhece que o cenário econômico ainda traz preocupações no curto prazo, exigindo das empresas disciplina de caixa e a definição de prioridades. A despeito disso, a Previ provocou o debate de estratégias de longo prazo em seu 17.º Encontro de Governança Corporativa, ontem, no Rio.

Agentes de mercado discutiram o que a Previ batizou de megatendências – mudanças climáticas, mercado global e futuro digital –, seus reflexos no mundo dos negócios e como elas poderão impulsionar o desempenho das companhias.

O caminho mais simples para abrir a janela de saída dos ativos é levar as companhias a mercado, listando suas ações em bolsa. O maior desafio da Previ hoje está nas participações acionárias na Neoenergia (49,01%), na Invepar (25,53%) e na Vale (15,68%), avaliadas pelo critério do valor econômico. Enquanto o valor de mercado corresponde à cotação do papel em bolsa, o econômico é obtido pela perspectiva de resultado da companhia. Nesse caso a participação só é contabilizada no balanço fechado do ano.

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A Neoenergia e a Invepar não estão na bolsa de valores, por isso uma oferta pública inicial (IPO) de ações é uma opção. Para Proença, a empresa de energia está em estágio mais avançado para uma eventual operação.

Já a Vale está listada, mas a participação da Previ se concentra na Valepar, que reúne os controladores da mineradora, e via Litel, veículo que reúne as fatias dos fundos na Vale.

O acordo de acionistas vence em 2017 e sua renovação está em discussão. A Previ não comenta, mas o mercado enxerga a negociação como uma oportunidade para o fundo dar liquidez às suas ações.

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Investigação. O encontro de governança acontece no momento em que os fundos de pensão estatais estão no centro das atenções, após a Polícia Federal deflagrar a Operação Greenfield. A investigação apura prejuízos de R$ 8 bilhões a Previ, Funcef (Caixa), Postalis (Correios) e Petros (Petrobrás), apontando irregularidades em alguns investimentos. Proença afirma que a Previ tem uma governança robusta, calcada em avaliações técnicas e decisões de investimento colegiadas.

Ele lembra que foi por recomendação da área técnica que a Previ não seguiu o aumento de capital da Sete Brasil, tendo sua participação diluída. “A gente não enxerga que (a Operação Greenfield) gere um risco de imagem para as investidas”, diz.