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'Prévia do PIB' indica que retomada será lenta e abre espaço para novo corte de juros

Economia deve voltar a se retrair no 3º trimestre e parar de cair só no fim do ano

Foto do author Thaís Barcellos
Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Thaís Barcellos (Broadcast), Francisco Carlos de Assis (Broadcast), e Maria Regina Silva
Atualização:
Economia brasileira contrai 0,91% em agosto, mostra indicador do BC Foto: Estadão

A queda forte, de 0,91%, no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de agosto ante julho, divulgado nesta quinta-feira (20), sinaliza que a retomada da economia no País deve ser lenta e gradual, avaliaram os analistas consultados pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real da Agência Estado. O recuo da atividade mais intenso do que o registrado em julho (-0,18%) também aponta, segundo os analistas, que o BC tem espaço para reduzir ainda mais a Selic. Na quarta-feira, a autoridade monetária fez o primeiro corte na taxa básica, de 0,25 ponto porcentual, desde outubro de 2012.

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Para a economista Natalia Cotarelli, do Banco ABC Brasil, a retomada além de lenta, também não será uniforme. "Depois dos dados de agosto, estamos cautelosos. A recuperação deve ser menos robusta", reforçou.

O resultado negativo do IBC-Br de agosto também deve contribuir para uma nova retração do PIB no terceiro trimestre, depois de uma queda de 0,6% no trimestre encerrado em junho. Para Natalia, o IBC-Br de setembro deve vir novamente fraco, refletindo algum resquício da parada na produção da Volkswagen, iniciada em agosto, e até mesmo a greve recente nos bancos. Dessa forma, a economista deve revisar a expectativa do PIB para o terceiro trimestre, atualmente negativa em 0,6%, para recuo de 0,8%.

O economista-sênior do Haitong, Flávio Serrano, também acredita agora em recuo no PIB do terceiro trimestre e afirmou que o dado apresentado hoje mostrou que o ajuste na economia ainda não acabou. "O cenário foi postergado, o PIB deve ter uma contração também no terceiro trimestre e pode parar de cair apenas no quarto trimestre", disse Serrano, que ainda mantém uma projeção de queda de 3,4% no PIB de 2016.

Além de Serrano, outros economistas do mercado financeiro apostavam que a retomada da economia já poderia acontecer no quarto trimestre, mesmo que de maneira fraca. Mas, depois da divulgação do dado de hoje, essa expectativa ainda que tímida também é dúvida para alguns especialistas.

O economista da Tendências Consultoria Integrada Rafael Baccioti disse que a expansão da atividade no quarto trimestre, se houver, deve vir abaixo do que o mercado estava esperando. A previsão da Tendências para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2016 é de queda de 3,1%. "Se houver uma tração no quarto trimestre, o que agora parece que não é o caso, será em um nível mais moderado do que a expectativa", afirmou.

"A recuperação virá da demanda interna, mas com a compressão do mercado de trabalho e no mercado de crédito, a melhora mais consistente no consumo só deve vir em 2017, mesmo assim, ainda não será muito forte", disse, prevendo crescimento do PIB no ano que vem. "Depois de uma queda acumulada de 7%, 7,5% em dois anos, uma eventual reação de 1,5% em 2017 é pequena ainda, mas já seria a saída do fundo do poço."

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Já o Banco Fator, apontou em relatório, que a reversão da atual recessão só deve vir no último trimestre do ano e o crescimento da economia "talvez só em 2017".

Juros. Como nenhum dos elementos da demanda parece mostrar reação, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, avaliou que a única saída é a redução da taxa de juros pelo BC. Perfeito também acrescentou que, sem outros cortes na Selic, a PEC do teto de gastos, que deve ser votada em segundo turno na Câmara dos Deputados na semana que vem, se manter em pé, já que não há crescimento econômico.

Embora Perfeito reconheça que o comunicado divulgado ontem pelo BC, após o fim da reunião do Copom que cortou a Selic em 0,25 ponto porcentual, minimizou a queda da atividade econômica e delineou um cenário de inflação mais pessimista que o mercado, ele, como economista e cidadão, vê "que o IBC-Br está mostrando que a economia precisa de menos juros", disse ele, que projeta um corte da taxa básica em 0,50 ponto na reunião de novembro, que acontecerá nos dias 29 e 30.