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'Prévia do PIB' reforça preocupação com retomada da economia em 2017

Para analistas, é praticamente certo que haverá novo recuo do PIB no 4º trimestre, o que adia momento de inflexão da economia brasileira

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Por Thaís Barcellos (Broadcast), Álvaro Campos e Maria Regina Silva
Atualização:
No acumulado deste ano, a retração é de 4,82% Foto: Estadão

O índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) de outubro reforçou as expectativas de que o PIB do quarto trimestre será novamente negativo e aumentou a preocupação dos analistas com o carrego estatístico gerado para 2017. Cada vez mais o ponto de inflexão da economia brasileira vai sendo adiado e os economistas reduzem suas projeções para o próximo ano.

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O IBC-Br caiu 0,48% em outubro ante setembro, na série com ajuste sazonal. A queda ficou dentro do intervalo obtido entre analistas do mercado financeiro consultados pelo Broadcast Projeções, que esperavam resultado entre -0,40% e -1,50% (mediana de -0,60%). No acumulado deste ano, a retração é de 4,82% pela série sem ajustes sazonais. Em 12 meses, a contração é de 5,09%.

Para o economista da consultoria Pezco Microanalysis Helcio Takeda, o IBC-Br reduz substancialmente qualquer chance de variação positiva ou mesmo estável do PIB no quarto trimestre. "Esse número mostra que o quarto trimestre começa com o pé esquerdo", comenta. Até recentemente a Pezco previa 0,1% de alta na economia nos últimos três meses do ano, mas após o PIB do 3º trimestre e a produção industrial de outubro, reviu essa estimativa para -0,4%. "O dado de hoje ajuda a reforçar essa probabilidade".

"Os dados referentes à passagem do terceiro para o quarto trimestre corroboram nossa expectativa de retração do PIB no quarto trimestre, de 0,7%", dizem os analistas do banco Bradesco em relatório.

O economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, avalia que o importante agora é verificar qual será o carrego estatístico para 2017. Nas suas contas, deve ficar em -0,7%. "O ano de 2016 já foi, mas o quanto mais negativo for o PIB deste ano, pior para 2017", diz. Ele estima crescimento de 0,6% para a economia brasileira no próximo ano.

Leal aponta que o IBC-Br de novembro pode até ser positivo, já que os indicadores antecedentes, como a venda de veículos, mostraram números melhores. Além disso, a Black Friday deve ajudar os dados do comércio. "Dá para ter algum otimismo com os dados de novembro, mas ainda estou cauteloso com relação aos indicadores de dezembro", pondera o economista Daniel Gomes da Silva, do Modal Asset Management.

Em relatório, os economistas do Haitong afirmam que o dado de outubro agora indica uma contração anual de 1,2% do IBC-Br em 2017, após a queda de 4,7% projetada para este ano. "Em suma, a cada informação divulgada, vai ficando cada vez mais nítida a percepção de que a recuperação da atividade econômica brasileira levará muito mais tempo e demandará muita ajuda para se materializar", escrevem.

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Considerando o resultado nominal, o IBC-Br de outubro, ao marcar 132,31 pontos, foi o pior desde dezembro de 2009 (131,24 pontos). Naquela época, o indicador ainda sofria efeitos da crise financeira global que havia estourado no fim de 2008, com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers.

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