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Privatização deve beneficiar Eletrobrás, dizem analistas

Para especialistas do setor, País não precisa mais de uma empresa para ser instrumento de política energética, cujo modelo está consolidado

Por Renée Pereira
Atualização:

A informação de que o governo quer privatizar a Eletrobrás, uma das maiores empresas de energia elétrica da América Latina, foi recebida por especialistas do setor como uma boa saída para a estatal, que vem enfrentando graves problemas financeiros e acumula dívidas de R$ 43,5 bilhões.

Para o professor da UFRJ, Nivalde de Castro, a decisão de dar um novo rumo à Eletrobrás já vinha sendo colocada em prática pelo atual presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr, com a venda da participação da empresa em vários projetos e das distribuidoras. Mas seria um processo mais longo. Segundo fontes, a modelagem para vender a participação da Eletrobrás em projetos de energia eólica e transmissão estava sendo feita pelo banco BTG Pactual e deveria ser concluída no fim deste mês. Agora, esse processo deve ser interrompido.

Wilson Ferreira Júnior, presidente da Eletrobrás Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

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Na avaliação de Castro, o País hoje não tem mais a necessidade de ter uma estatal como a Eletrobrás para ser instrumento de política energética. “Isso porque o modelo do setor está bem consolidado e a expansão pode ser feita apenas com a iniciativa privada.”

O consultor Ricardo Lima, especialista no setor, elogiou a decisão do governo. Na avaliação dele, a redução do peso do Estado, acompanhada de uma melhoria da governança corporativa e da redução do peso político na empresa são ótimas notícias. Mesmo no momento atual, de instabilidade política e crise econômica, a venda pulverizada da empresa pode atrair investidores de peso, como fundos de investimentos internacionais, diz Lima. “Menos Estado é positivo e necessário.”

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Na avaliação dos especialistas, tirar o controle da empresa das mãos do governo fará muito bem para os negócios da estatal. Quem ficar no controle poderá vender os ativos sem o excesso de burocracia como ocorre hoje.

“A decisão de hoje demonstra emergência por parte do governo, que precisa fazer caixa para reduzir o déficit fiscal”, disse o professor Nivalde de Castro, destacando a qualidade dos ativos da empresa.

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Reunião. Na tarde de hoje, antes do anúncio, a Eletrobrás realizou uma reunião com investidores e analistas de mercado em São Paulo, mas os representantes da estatal não fizeram qualquer menção ao comunicado, que pouco depois seria arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a respeito da desestatização.

O principal executivo presente era o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da estatal, Armando Casado, que deixou o evento às pressas. Um dos funcionários de sua equipe insistiu para a necessidade de irem embora e pediu desculpas aos jornalistas, que tinham iniciado uma entrevista com o executivo. O funcionário acrescentou, na sequência: “Depois vocês vão entender”. / COLABOROU LUCIANA COLLET

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