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Produção de veículos cai 15,3% em relação a 2013, diz Anfavea

Resultado negativo é divulgado em meio à paralisação de funcionários de montadoras por demissões após a virada do ano; presidente da associação prevê primeiro semestre difícil para o setor

Por Igor Gadelha e Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

Após subir 9,9% em 2013, a produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no mercado brasileiro caiu 15,3% em 2014 em relação a 2013, divulgou nesta quinta-feira, 8, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No ano passado, foram produzidas 3.146.118 milhões unidades. Só em dezembro, foram fabricados 203.760 mil veículos, uma queda de 11,8% em comparação com o mesmo mês de 2013. Apesar do desempenho fraco, a entidade prevê uma retomada em 2015, com crescimento de 4,1% na produção de veículos.

Considerando apenas automóveis e comerciais leves, a produção em 2014 chegou a 2.973.215 unidades, 14,7% a menos do que em 2013. Só em dezembro, foram fabricados 199.452 mil automóveis e comerciais leves, baixas de 20,6% ante novembro e de 10,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Atividade de montadores obteve forte alta na comparação com o mesmo período no ano passado; carros de passeio e picapes puxaram a alta Foto: Roosevelt Cassio/Reuters

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As vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus caíram 7,1% em 2014 ante 2013, ao somarem 3.498.012 unidades, informou a Anfavea. Nesse caso, a entidade prevê "estabilidade" das vendas em relação a 2014. A projeção é mais otimista do que a da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que estima queda de 0,53% no total de emplacamentos de veículos neste ano.

Os números foram divulgados em meio à paralisação de funcionários da Volkswagen após um corte de 800 funcionários na volta do Ano Novo. Trabalhadores da Mercedes-Benz, montadora que também dispensou 260 empregados após a virada do ano, retomaram suas atividades nesta quinta-feira, 9. O presidente da Anfavea, Luiz Moan, declarou que o setor não pedirá incentivos ao governo, apesar de prever um primeiro semestre de 2015 difícil. 

Recuperação. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 8, apontam retração de 0,7% na produção industrial de novembro ante outubro do ano passado. Entre os ramos pesquisados, o de veículos automotores, reboques e carrocerias apresentou um crescimento de 1,2% na mesma base de comparação. 

Entretanto, o setor ainda não vive uma retomada, ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O saldo dos últimos cinco meses para veículos automotores é de uma alta de 24,3%. Essa informação por si só poderia sinalizar que o setor está se recuperando. Mas, de março a junho, o recuo foi de 28%. Estou crescendo 24% sobre uma queda de 28%. É alta sobre um patamar bastante reduzido", explicou Macedo.

Na comparação com novembro de 2013, a fabricação de veículos teve queda de 14,4%. A atividade teve a principal contribuição para a queda de 5,8% na indústria no período, seguida por produtos alimentícios.

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"Se tem algum tipo de recuperação mais recente no setor de veículos como um todo, isso se deve a uma base de comparação mais baixa. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a atividade permanece como maior impacto negativo para o total da indústria", disse Macedo.

O gerente do IBGE citou algumas causas que explicam as perdas na atividade: a evolução menor da demanda doméstica, os estoques mais elevados, as importações menores para países como a Argentina, o impacto sobre a redução dos investimentos para a fabricação de caminhões, e o reflexo disso tudo no setor de autopeças.

"Ainda há um impacto muito grande para ser recuperado sobre essa atividade", avaliou Macedo. "O segmento de veículos aparece isolado na frente como o principal impacto de queda no total da indústria no acumulado do ano. É a principal contribuição negativa", acrescentou. De janeiro a novembro, a produção de veículos já recuou 17,3%. No mesmo período, a indústria acumula retração de 3,2%. 

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