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Produção industrial fica estável em junho e avança 0,5% no ano

Resultado ficou acima do esperado por analistas; em 12 meses, no entanto, indicador ainda está no terreno negativo

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - O avanço de 0,5% na produção industrial no primeiro semestre de 2017 interrompeu uma sequência de seis semestres de quedas, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados nesta terça-feira, 1, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi o melhor para um primeiro semestre desde 2013, quando houve avanço de 3,5%.

“Claro que é positivo, mas é algo que está se dando sobre uma base de comparação baixa”, ponderou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. No primeiro semestre de 2016, a indústria registrou perda de 8,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na segunda metade do ano passado, a queda foi de 4,0%.

Resultado da indústria também foi positivo na comparação com junho do ano passado Foto: Sérgio Castro|Estadão

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“A alta de 0,5% na produção no primeiro semestre é nada, dado que a base de comparação é extremamente baixa. O crescimento é muito baixo, é mais uma interrupção da crise do que uma recuperação”, argumentou Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi.

Em junho, a indústria brasileira manteve o mesmo ritmo de produção de maio. A maioria das atividades, porém, registrou perdas, segundo o IBGE. Os segmentos que mais perderam foram os de veículos automotores (-3,9%), indústria farmacêutica (-9,2%) e derivados de petróleo e biocombustíveis (-1,7%).

O resultado de junho, no entanto, foi bem recebido por analistas do mercado financeiro, que esperavam um recuo médio de 0,3%, segundo o Projeções Broadcast. A estabilidade após dois meses de avanços significativos fez a indústria crescer 0,9% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre do ano, o que deve se refletir numa contribuição positiva do setor para o Produto Interno Bruto (PIB) do período.

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“Lentamente, gradualmente, vemos recuperação dos números da produção manufatureira. Os dados ratificam nossa expectativa de estabilidade do PIB no segundo trimestre do ano, em relação ao primeiro”, avaliou a equipe da consultoria Rosenberg Associados, chefiada pela economista Thaís Zara.

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“Ao todo, há uma sensação de que o pior em termos de atividade econômica está finalmente ficando para trás”, diz o economista Maurício Schwartsman, da consultoria Schwartsman & Associados.

A indústria brasileira mostra desempenho melhor em 2017 do que o registrado nos dois anos anteriores, mas ainda opera 18,2% abaixo do pico de produção registrado em junho de 2013. “O resultado está longe de representar uma trajetória consistente de recuperação para o setor industrial. O patamar de produção ainda permanece operando em patamares distantes do ponto mais alto da sua série histórica”, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

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Veículos. “A indústria de veículos automotores vinha de dois meses em sequência de resultados positivos. É um segmento que vem mostrando ritmo maior ao longo de 2017. O mercado interno tem contribuição, pode ter algum tipo de impacto dessa renda um pouco maior em função de alguns programas de governo, mas claramente há maior direcionamento para as exportações. Isso atinge tanto automóveis quanto caminhões”, explicou Macedo.

O ritmo de operação da linha de produção se assemelha ao de fevereiro de 2009, época da crise financeira internacional. Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o resultado pode ser comemorado se tomado pelo ângulo de que o “pior já passou”, mas é preciso cautela diante da instabilidade política e econômica do País. / COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

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