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Produção industrial fica estável em maio, mas cai 9,8% no ano

Essa é a primeira vez desde 2012 que o indicador não cai por três meses seguidos; para o IBGE, é cedo falar em reversão da tendência de queda, mas pior momento já passou

Por Vinicius Neder
Atualização:
No ano, a produção da indústria acumula queda de 9,8% Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

RIO - A produção industrial ficou estável em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, informou nesta sexta-feira, 1, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a primeira vez desde 2012 que o indicador não cai por três meses seguidos. O resultado veio dentro das expectativas dos analistas ouvidos pela Agência Estado, que esperavam desde queda de 1,10% a crescimento de 1,10%, com mediana de baixa de 0,10%.

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Em relação a maio de 2015, a produção caiu 7,8%. Nesta comparação, sem ajuste, as estimativas eram todas negativas, indo de -9,50% a -6,00%, com mediana de baixa de 7,80%, em linha com o valor divulgado. No ano, a produção da indústria acumula queda de 9,8%. Em 12 meses, o recuo é de 9,5%.

O gerente da Coordenação da Indústria do IBGE, André Macedo, destacou que é cedo para falar em reversão da tendência de queda na indústria. "Perdas observadas no passado são ainda muito importantes", afirmou o pesquisador. Macedo lembrou que, na comparação com 2015, a retração da produção industrial ainda é generalizada. Na comparação de maio com maio de 2015, há queda em 21 dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE, e a queda da produção na comparação anual é a 27ª seguida. 

No entanto, Macedo diz que a indústria pode ter superado o fundo do poço. "Talvez o pior tenha ficado para 2015", afirmou. Para o pesquisador, o ajuste de estoques, que vem sendo feito desde 2015, é o principal fator que explica a estabilização da produção industrial entre abril e maio. A alta de 0,6% na média móvel trimestral de maio é a primeira leitura positiva desde outubro de 2014. "Parece que a gente está, no período mais recente, com estoques mais equalizados na média do setor industrial", afirmou Macedo.

Setores. Na passagem de abril para maio, em 12 dos 24 ramos analisados pela Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF), a produção cresceu. A de veículos automotores foi destaque, com alta de 4,8%. Entre os 11 ramos dos 24 pesquisados que recuaram em maio ante abril, os destaques foram a produção de produtos alimentícios, com queda de 7,0%, e de produtos derivados de petróleo, com recuo de 8,2%. Um setor apresentou estabilidade no período analisado.

A produção da indústria de bens de capital subiu 1,5% em maio ante abril. Na comparação com maio de 2015, o indicador mostra queda de 11,4%. No acumulado de 2016, houve queda de 23% na produção. Em 12 meses, o resultado é de retração de 26,9%.

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Para o pesquisador do IBGE, a alta na margem na produção de bens de capital ainda é pequena diante da queda recente. Para ele, o que dá fôlego à produção de bens de capital é a base depreciada de comparação, o incremento da produção de caminhões nos últimos meses e o aumento das expectativas do empresariado. A desvalorização do câmbio não teria papel relevante, segundo Macedo.

Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou alta de 0,1% na passagem de abril para maio. Na comparação com maio de 2015, houve recuo de 5,4%. No acumulado do ano, a queda é de 7,5%, enquanto a taxa em 12 meses é de recuo de 8,7%.

Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de maio foi de avanço de 5,6% ante abril, e queda de 17,4% em relação a maio de 2015. Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve diminuição de 1,4% na produção em maio ante abril, e queda de 2,1% na comparação com maio do ano passado.

Para os bens intermediários, o IBGE informou que o indicador teve queda de 0,7% em maio ante abril. Em relação a maio do ano passado, houve redução de 8,1%. No acumulado do ano, houve queda de 9,2%, enquanto a taxa em 12 meses ficou negativa em 7,6%.

O índice de Média Móvel Trimestral da indústria ficou positiva em 0,6% em maio.

Revisões. O IBGE revisou o dado da produção industrial do mês de abril ante março, de +0,1% para +0,2%. A produção de fevereiro ante janeiro também foi revista, de -2,9% para -2,7%. Já o desempenho da produção de janeiro ante dezembro passou de +0,4% para +0,1%.

Também houve revisões em meses de 2015. O desempenho da produção de dezembro ante novembro passou de -0,7% para -0,5%. A produção de novembro ante outubro passou de -2,2% para -1,9%. 

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Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve revisão na taxa de abril ante abril de 2015, de -7,2% para -6,9%.

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