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Protesto do setor têxtil em São Paulo tem ‘cemitério de empregos’

Cruzes foram colocadas em frente ao Expo Center Norte, na zona norte de SP, para representar os empregos perdidos no setor

Por Stéfano Mariotto de Moura
Atualização:
Setor têxtil perdeu 14 mil empregos formais nos últimos 12 meses 

Cerca de cem representantes da indústria têxtil protestaram nesta segunda-feira, 27, contra o fechamento de vagas no setor. No ato, intitulado de "cemitério de empregos", trabalhadores, empresários e sindicatos colocaram cruzes em frente a uma feira chinesa de vestuário, que funciona de hoje até quarta-feira no Expo Center Norte, na zona norte da capital.

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As cruzes serviram para representar, segundo os organizadores, os 14 mil postos de trabalho fechados na indústria nos últimos 12 meses, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O protesto foi organizado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT).

Os empresários e sindicatos alegam competição desleal com os produtos de outros países, devido à alta carga tributária incidente sobre o setor têxtil brasileiro.

A principal demanda do setor é por um Regime Tributário Competitivo para a Confecção (RTCC). Hoje, uma empresa de confecção tem uma carga tributária média de 18%, cifra que cairia para 5% com o novo regime.

Segundo a ABIT, a proposta foi apresentada ao governo há mais de um ano, mas o pleito não foi atendido. Ainda com dados da associação, se a demanda fosse atendida, até 2025 seriam criadas mais 597 mil vagas e a produção cresceria 117%

Os trabalhadores e empresários brasileiros também apontam que os asiáticos não cumprem leis trabalhistas exigidas aqui, como cuidados ambientais, benefícios e salários dignos. "É muito bonito falar de competitividade e livre mercado quando você tem situações aberrantes em países que competem nessa área", comentou Fernando Pimentel, diretor-superintendente da ABIT, presente na manifestação, que ocorreu pacificamente, segundo a assessoria do Expo Center Norte.

"Fora China". Ainda que os empresários e trabalhadores brasileiros tenham alegado não serem contra os chineses, um cartaz com os dizeres "Fora China" chamou a atenção. "Aquilo foi o simbolismo que alguém colocou lá no cartaz. Não é a China: a questão é, seja onde houver uma concorrência desleal, nós vamos brigar. É missão fundamental de uma associação como essa", afirmou Pimentel, atribuindo o ocorrido à liberdade de expressão, e reiterando não serem contra os trabalhadores estrangeiros.

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