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Queda do consumo mostra efeito tóxico da inflação e desemprego no Brasil, diz 'FT'

Jornal britânico Financial Times destacou o fato de as famílias brasileiras terem reduzido os gastos pela primeira vez em mais de uma década

Por Fernando Nakagawa e correspondente
Atualização:
Financial Times afirmou que o governo tem adotadomedidas econômicas mais ortodoxas para tentar conter a alta de preços, mas que a situação pode piorar nos próximos meses Foto: Evelson de Freitas/Estadão

LONDRES - A queda do consumo das famílias nos dados divulgados mais cedo sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é destaque de uma reportagem publicada na edição online do jornal britânico Financial Times. "Famílias brasileiras reduziram os gastos pela primeira vez em mais de uma década diante de uma combinação tóxica de alta inflação e aumento do desemprego que começa a bater no coração da economia do Brasil", diz a reportagem.

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O FT destaca a queda anual de 0,9% no consumo das famílias e ressalta que é a primeira vez que os consumidores contribuem menos que o visto há um ano desde o terceiro trimestre de 2003. "Os consumidores do Brasil têm impulsionado o crescimento econômico desde quando o Partido dos Trabalhadores da presidente Dilma Rousseff chegou ao poder em 2003, transformando o País em um dos mercados emergentes mais desejados do mundo entre investidores e ajudando a manter o PT no poder", diz o jornal.

A reportagem nota que esse modelo de crescimento baseado no consumo atingiu patamar próximo da exaustão nos últimos anos e os novos dados são "a evidência mais convincente da necessidade de mudar o foco do Brasil para investimentos e reformas estruturais".

O FT reconhece que o governo tem tomado medidas para tentar corrigir o rumo e ressalta a adoção de medidas econômicas mais ortodoxas, o que deve abrir espaço para a melhora da economia em 2016. Antes disso, porém, o jornal nota que a situação pode piorar. "Ainda é esperado que o PIB tenha contração de 1,2% este ano como resultado das medidas de austeridade que atingirão a economia já estagnada, o que marcará a mais profunda recessão do País desde 1990", diz o FT.

Diante desse quadro, a reportagem nota que o desemprego deve aumentar nos próximos meses, o que colocará mais pressão sobre os gastos das famílias e sobre a popularidade de Dilma Rousseff.

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