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Queda do PIB do Brasil em 2015 só não é pior do que recessões da Ucrânia e Venezuela

País aparece na 30ª posição em ranking com o desempenho de 32 economias; Brasil deve ter dois anos consecutivos de queda no PIB, o que não acontecia desde o crash na bolsa de Nova York

Por Daniela Amorim (Broadcast), Idiana Tomazelli , Mariana Sallowicz e Vinicius Neder
Atualização:

O desempenho da economia brasileira em 2015 só foi melhor do que o da Ucrânia e da Venezuela, com a 30ª posição num ranking de 32 países elaborado pela Austin Rating.

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O Produto Interno Bruto (PIB) do país teve queda de 3,8% no ano passado, o pior resultado desde 1990, quando havia retraído 4,35%, destacou a agência classificadora de risco.

A economia da Ucrânia, que vive resquícios na guerra com a Rússia, caiu 6,4% no ano passado. No mesmo período, a Venezuela, afundada numa profunda crise econômica acentuada pela queda no preço do barril de petróleo, apresentou retração de 4,5%.

"O cenário de recessão, definitivamente, está confirmado com o resultado do acumulado de 2015 e, muito provavelmente, também ocorrerá em 2016", diz em nota Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating. A estimativa da agência é de queda de 2,9% do PIB em 2016. Para 2017, vê um "provável crescimento, mesmo que medíocre".

Caso as estimativas da agência para o próximo ano se confirmem,será o biênio com o pior desempenho econômico do Brasil em 85 anos. "A última vez que o Brasil teve queda do PIB por dois anos consecutivos foi em 1930 (-2,1%) e 1931 (-3,3%) refletindo, em parte, o crash da bolsa de Nova York em 1929 e o ambiente político nacional conturbado com o fim da oligarquia paulista devido a revolução de 1930", destaca.

De acordo com o ranking, as economias com melhor desempenho no ano passado foram a Índia (7,2%), China (6,9%), Filipinas (6,4%), Malásia (5,4%) e Indonésia (4,7%). Os Estados Unidos aparecem na 16ª posição, com alta de 2,4%.

Na outra ponta do ranking, além da Ucrânia, Venezuela e Brasil, aparecem a Grécia (0,5%) e o Japão (0,6%). A lista considera países que publicaram os seus resultados até o momento. 

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2011. A queda de 3,8% no PIB a economia brasileira a retroceder a patamares vistos no início de 2011, disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

"Como houve essa retração em 2015, a gente voltou mais ou menos ao patamar do início de 2011", explicou Rebeca. Segundo ela, a reversão do crescimento de anos anteriores no consumo das famílias foi um fator determinante para o desempenho negativo do ano passado.

"O consumo das famílias tem um peso de mais de 60% na economia, e teve uma mudança. Em 2014, a taxa de crescimento do consumo das famílias tinha desacelerado bastante, já não era como em anos anteriores, na casa de 4%, 5%, mas ainda era positiva. Mas no ano passado não, houve queda de 4%, e isso é bastante relevante nesse quadro", afirmou a coordenadora.

O desempenho do consumo das famílias foi o pior da série, iniciada em 1996. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), como os investimentos são medidos no PIB, encolheu 14,1%, também o pior resultado nesta comparação. 

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