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Rating do Brasil pode ser rebaixado mesmo antes das eleições de 2018

Para diretor-geral da S&P Global Ratings, melhora nas contas do Brasil tem sido lento para um problema severo, pois houve forte deterioração nas contas públicas nos últimos anos

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Por Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

O diretor-geral de ratings soberanos da S&P Global Ratings, Roberto Sifon Arevalo, afirmou a jornalistas nesta terça-feira, 22, que a agência de classificação de risco pode não esperar os resultados da eleição de 2018 para alterar a nota do Brasil, que, com perspectiva negativa, tem chance maior de ser rebaixada do que melhorada.

Para diretor-geral da S&P Global Ratings, aturbulência política em Brasília tem dificultado o ajuste. Foto: Brendan Mcdermid/Reuters

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Sifon afirma que a equipe econômica do presidente Michel Temer tem mostrado "nível elevado de comprometimento e disposição" em implementar medidas para o ajuste fiscal. Ao mesmo tempo, a consolidação das contas do Brasil tem sido muito gradual para um problema severo, pois houve forte deterioração nas contas públicas nos últimos anos.

A turbulência política em Brasília tem dificultado o ajuste. "Claramente a situação política no Brasil é complicada, para dizer o mínimo, e ainda muito fluida", disse ele. Ao mesmo tempo, uma agência de classificação de risco quer ver avanços concretos, ressaltou Sifon.

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"Comprometimento não é o suficiente. É preciso ver resultados", disse o diretor da S&P, ressaltando que a agência vai avaliar uma série de fatores para decidir se muda o rating brasileiro nos próximos meses, principalmente o avanço das reformas estruturais. É preciso medidas que alterem a dinâmica da dívida pública, que está caminhando em ritmo sustentável. Uma das principais é a reforma da Previdência, que responde por metade do gasto do governo.

A Previdência parece ser o que tem o maior impacto na trajetória da dívida, disse ele aos jornalistas. Perguntado sobre as perspectivas de aprovação da reforma durante o governo Temer, preferiu não fazer previsões. Para o diretor, a mudança da meta de déficit primário, anunciada na semana passada, não foi uma boa notícia e melhor seria se não tivesse ocorrido. "Não é um sinal encorajador, mas entendemos a situação."

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Logo após o anúncio, a S&P retirou o rating soberano brasileiro da observação negativa para rebaixamento, mas manteve a perspectiva negativa, indicando que a probabilidade de corte da nota é maior que a de melhora. A agência deu um prazo de 6 a 9 meses para reavaliar a nota.

Sifon Arevalo acha pouco provável, dada a dimensão da deterioração fiscal do País, que o Brasil recupere a classificação grau de investimento em um prazo de cinco anos. "É raro ver países que perderam a classificação recuperar a nota neste período", disse ele. O Uruguai, por exemplo, demorou mais de 15 anos para recuperar a classificação.

O diretor da S&P disse estar pouco otimista sobre a recuperação da economia brasileira este ano. "Apenas parou de declinar", disse ele, ressaltando que a previsão da agência de classificação para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é de menos de 0,5% este ano, nível mais baixo que a maioria dos países da economia mundial.

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