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Receita do setor de serviços tem menor alta para maio desde 2012

Resultado subiu 1,1% em relação ao mesmo mês do ano passado; serviços prestados às famílias tiveram recuo inédito, diz IBGE, que aponta a queda na renda como o principal fator para a deterioração

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

RIO - A receita bruta nominal do setor de serviços subiu 1,1% em maio deste ano ante igual mês de 2014, informou nesta quinta-feira, 16, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do menor avanço já visto para meses de maio em toda a série histórica, iniciada em janeiro de 2012, e a segunda pior taxa considerando todos os meses do ano. Em abril de 2015, o crescimento foi de 1,7% no mesmo tipo de confronto. Com o resultado de maio, a receita bruta do setor acumula alta de 2,3% no ano. Em 12 meses, o avanço é de 3,8%, o menor já registrado na série.

Já a receita dos serviços prestados às famílias caiu 1,4% em termos nominais em maio ante maio de 2014. Uma queda nominal neste grupo é inédita na série, iniciada em janeiro de 2012, e mostra que nem a alta de preços conseguiu fazer com que o setor crescesse em termos de valor de vendas. Até meados de 2014, o avanço do segmento era a taxas de dois dígitos.

 

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Os dois subsetores dos serviços prestados às famílias tiveram perdas neste mês, com destaque para os serviços de alojamento e alimentação, com queda nominal de 1,6% em maio ante igual mês do ano passado. Nos outros serviços prestados às famílias, o recuo foi de 0,6% neste confronto.

A receita nominal dos serviços de informação e comunicação também encolheu no mês. A queda foi de 0,8% na comparação com maio do ano passado, puxado principalmente pelo recuo de 10,2% na receita dos serviços audiovisuais, de edição e agências de notícias nesta comparação.

Por outro lado, a receita cresceu nos serviços profissionais, administrativos e complementares (5,5%), nos serviços de transportes, auxiliares dos transportes e correio (0,8%) e nos outros serviços (0,3%), sempre na comparação com maio de 2014. O crescimento em 

Ao longo de 2015, todos os meses exibiram aumentos na casa de 1%, exceto em março, quando o avanço foi de 6,1% no confronto interanual. Para Roberto Saldanha, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, o resultado daquele mês deve ser visto com cautela. "À exceção de março, os serviços estão no negativo em todo o ano de 2015", disse.

O gerente do IBGE apontou queo carnaval no ano passado caiu em março, o que gerou uma base de comparação muito fraca e favoreceu o resultado deste ano. "O que vemos agora é uma tendência declinante", observou Saldanha. Segundo ele, em muitos setores a alta na receita é inferior ao ritmo de evolução nos preços, o que em termos reais resulta em um desempenho negativo.

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Renda. A forte retração no rendimento médio dos trabalhadores é a principal razão por trás da intensa deterioração na evolução da receita dos serviços prestados às famílias ao longo de 2015. "Realmente vemos uma retração bastante expressiva na renda das famílias", observou Saldanha.

De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego, também do IBGE, o rendimento médio real dos brasileiros encolheu 5,0% em maio ante maio de 2014. "É uma queda no poder aquisitivo da população que se reflete nesses serviços que envolvem alojamento, alimentação e serviços pessoais. Os brasileiros estão comendo menos fora de casa e viajando menos", explicou.

Saldanha disse ainda que há um efeito base, diante dos resultados excepcionalmente favoráveis em maio e junho do ano passado em função da maior demanda por serviços às vésperas da Copa do Mundo. Mesmo assim, a queda na renda prevalece, e a receita do setor encolheu 1,4% na comparação interanual.

"Isso sem descontar o efeito da inflação. Os preços desses serviços sobem mais do que IPCA global. Então, as empresas realmente faturaram menos em relação a maio do ano passado. Ou seja, tirando o efeito da inflação, isso é muito mais negativo", afirmou o gerente.

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Corte de custos. Os gastos com consultorias, publicidade e propaganda e serviços de engenharia seguem na lista de cortes dos governos, tanto federal quanto estaduais, e provocam o encolhimento cada vez mais intenso no faturamento dos serviços técnico-profissionais. "Neste mês de maio, identificamos uma queda em serviços de engenharia muito forte, e isso ocorreu em vários estados. Não foi algo localizado", afirmou Saldanha.

"Tudo tem a ver com o ciclo da economia, são governos que cancelam projetos. Tudo tem a ver com cortes orçamentários, controle de gastos, e isso se reflete em menos contratações de serviços", acrescentou o gerente. Um ponto desfavorável, contudo, é que essa parcela dos serviços é justamente a mais qualificada e "intensiva em conhecimento", destacou.

Em maio, a receita nominal dos serviços técnico-profissionais caiu 3,7% em relação a igual mês de 2014. Por outro lado, o faturamento dos serviços administrativos e complementares cresceu 8,9% no período, muito acima da média da atividade (1,1%) no mês.

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"São serviços de segurança, portaria e de limpeza, que as empresas terceirizam e não costumam cortar. Esses vêm se mantendo e sustentam os serviços como um todo. Mas de fato é um setor de baixa qualificação", ponderou Saldanha.

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