O déficit nas contas correntes do balanço de pagamentos foi de US$ 4,2 bilhões em outubro, superior ao de US$ 3,1 bilhões registrado em setembro, mas menor que o de US$ 9,3 bilhões relativo a outubro do ano passado. Isso se explica pelo superávit comercial de US$ 1,8 bilhão em outubro e de US$ 10,7 bilhões nos primeiros dez meses do ano. Mas, ao importar e exportar menos, o País perde participação na economia mundial e reduz sua integração nas cadeias globais de produção.
Entre os primeiros dez meses de 2014 e de 2015, o déficit corrente – que inclui a balança comercial, os serviços e as rendas – caiu quase US$ 30 bilhões (de US$ 83,3 bilhões para US$ 53,4 bilhões). Em 2014 foi de US$ 104 bilhões e é, agora, estimado pelo Banco Central em US$ 65 bilhões neste ano (-US$ 39 bilhões). Se a projeção de investimentos diretos de US$ 65 bilhões se confirmar, o déficit corrente será totalmente financiado com ingressos de longo prazo, o que não ocorreu no ano passado.
Além do comércio, o peso decisivo da melhora das contas correntes virá da diminuição de despesas com transportes e viagens internacionais. O déficit na conta turismo, medido pelas viagens, deverá cair de US$ 18,7 bilhões em 2014 para US$ 13 bilhões neste ano. Recessão e perda de valor do real afetam o turismo internacional dos brasileiros.
A solvência externa do Brasil depende da melhora da conta corrente, pois há sinais – por ora incipientes – de que o acesso ao mercado internacional de capitais começa a se tornar mais difícil. A taxa de rolagem, medida pela diferença entre o valor das vendas de títulos no exterior e as amortizações, foi de apenas 83% em outubro e de 107% no ano, ante 150% em igual período de 2014. As amortizações previstas para 2016 são de US$ 108,1 bilhões, dos quais US$ 26,8 bilhões em dívidas de curto prazo e US$ 57,4 bilhões em dívidas de longo prazo, na maior parte com bancos.
Em resumo, a melhora das contas cambiais é mais consequência da recessão do que de mais crédito e mais confiança.