Em junho – mesmo considerando que as exportações foram infladas pela venda de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 690 milhões a uma subsidiária da Petrobrás, equipamento que não saiu do País –, o resultado foi surpreendente, tendo o superávit mensal alcançado US$ 4,527 bilhões (exportações de US$ 19,628 bilhões e importações de US$ 15,101 bilhões).
Aparentemente, a dimensão desse superávit na primeira parte do ano torna até modesta a projeção do Banco Central (BC) de um saldo positivo de US$ 3 bilhões na conta de comércio em 2015, contribuindo para a redução do déficit em transações correntes. Naturalmente, se a atividade econômica permanecer desaquecida, como estimam analistas, é previsível que as importações caiam ainda mais. Significativamente, um dos setores mais afetados por essa queda foi o de bens de capital (-15,8%), revelando o baixo patamar de investimentos e prenunciando a persistência da estagnação da indústria. Também foi substancial a queda, de 36%, das compras no exterior de combustíveis e lubrificantes, em razão dos menores gastos no setor de transporte.
O câmbio certamente ajudou o movimento exportador, mas não a ponto de lhe dar um novo impulso. Todas as categorias de produtos registraram queda, destacando-se os produtos básicos, que tiveram uma redução de 21,6% em valor, em consequência direta do baixo nível das cotações de commodities no mercado internacional. É possível que, com o embarque do grosso da safra de grãos no segundo semestre, a exportação se eleve, mas deve continuar abaixo do nível do ano passado. Já as vendas de manufaturados tiveram uma queda de 8%, atribuída, em grande parte, à falta de competitividade de produtos nacionais.
Assim, mesmo sendo bom para as contas externas, o saldo comercial não dá motivo para comemoração.