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Reforma trabalhista mostra 'margem' de votos para governo negociar na Previdência

Proposta precisa de 308 votos para passar em duas votações na Câmara

Por Igor Gadelha e Daniel Bramatti
Atualização:

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O placar da reforma trabalhista mostra que o governo tem hoje uma margem de pelo menos 191 deputados para negociar o voto a favor da reforma da Previdência, aponta levantamento do Broadcast Político em parceria com o Estadão Dados. Esses parlamentares estão entre os 296 que votaram a favor das mudanças na CLT e os 39 que se ausentaram da votação, mas se declaram indecisos ou não querem responder ao Placar do Estadão sobre a reforma previdenciária.

PLACAR DA PREVIDÊNCIA Veja a intenção de voto de deputados

Parlamentares de oposicao fizeram protesto com cartazes durante leitura do projeto de reforma trabalhista, do deputado Rogerio Marinho, na Câmara dos Deputados Foto: André Dusek/Estadão

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A maioria desses "potenciais votos" está em partidos do chamado núcleo duro do governo e que estão à frente de importantes ministérios. Legenda do presidente Michel Temer, o PMDB tem 33 deputados nesse perfil. Já o PSDB, um dos principais aliados do governo, tem 24 desses votos. Até mesmo no PDT, que é da oposição, há dois votos em potencial: os dos deputados Damião Feliciano (PB) e Mário Heringer (MG), que não votaram na trabalhista e não declararam voto na da Previdência.

Interlocutores do governo avaliam que, entre esses potenciais votos, os mais viáveis de atrair são os daqueles deputados que votaram a favor da reforma trabalhista, mas que não querem revelar voto em relação à da Previdência. "Tem muita gente que não quer dizer o voto agora, mas já nos avisou que vai votar com a gente. Tem também os que, se sentirem que a reforma vai ser aprovada, votam a favor", disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP), escalado pelo governo para mapear os votos.

Na ofensiva em busca de apoio, a principal estratégia do governo é negociar cargos por votos. As negociações começaram antes da reforma trabalhista e são feitas com partidos ou individualmente. Com 13 deputados, o PTN, por exemplo, ganhou a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Já o deputado Kaio Maniçoba (PMDB-PE) conseguiu emplacar um aliado no comando da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Ministério da Justiça em troca do apoio às reformas.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avalia que muitos deputados não estão revelando seus votos para não antecipar o desgaste. "Muitos acham que têm desgate no curto prazo e vão deixar para o último minuto. O desgate dele é o voto. Para quê ele vai se desgastar antes?", afirmou. Ele ponderou, contudo, que há parlamentares da base que não declaram voto porque, de fato, votarão contra a reforma, mas temem perder os espaços que possuem no governo. "É do jogo".

Contrários. Para aprovar a reforma da Previdência, porém, o governo terá de ir além e trabalhar para convencer deputados que hoje são contra a proposta. No Placar do Estadão, 218 deputados já declararam voto contrário à proposta, o que inviabilizaria a aprovação da matéria, se a votação fosse hoje. Como será votada por meio de uma emenda constitucional, a reforma terá de ser aprovada em dois turnos com pelo menos 308 votos em cada um deles, o equivalente a 3/5 dos 513 deputados.

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Nem todos os votos favoráveis à reforma trabalhista, porém, serão automaticamente transferidos para a da Previdência. Dos 296 deputados que votaram a favor das alterações na CLT, 55 responderam ao Placar do Estadão que votarão contra a previdenciária. Além disso, há outros 149 votos contra vistos como "cristalizados" de parlamentares que se posicionaram contra a reforma trabalhista e também declararam que votariam contra a reforma da Previdência, se a votação fosse hoje.

O líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), minimiza o levantamento feito pelo Estadão. Segundo ele, a base aliada na Casa foi reorganizada na votação da reforma trabalhista, o que, na avaliação dele, deve "se consolidar" nas próximas semanas para a da Previdência. "Vamos nos esforçar para que a base tenha pleno conhecimento do texto, veja que foi atendida em parte ou em tudo e para que o relatório chegue até a população", disse. / COLABORARAM LIANA COSTA, BERNARDO GONZAGA E ISABELLA MACEDO, ESPECIAL PARA O ESTADO