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'Reforma trabalhista será a prova do pudim'

O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros afirma que confusão desancora o futuro

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Por Redação
Atualização:
  Foto: Evelson de Freitas|Estadão

“É preciso olhar em duas direções. De um lado, temos a recuperação cíclica, que tem uma dinâmica própria. O salário real médio, neste ano, está positivo. Como o número de empregados é sete vezes maior que o número de desempregados, o gasto dessas pessoas terá um efeito positivo na economia. Temos de considerar também o resultado excepcional do agronegócio e seus efeitos. Segundo o cálculo da MB (consultoria), dá 25% do PIB, quando se considera não apenas o resultado nas fazendas, mas em toda cadeia, incluindo até a indústria de alimentos. Há ainda as exportações, que estão crescendo. Mas para ancorar essa recuperação, você precisa das reformas. Pense numa videira. Para crescer, você amarra os galinhos com um arame, para eles crescerem direito. 

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Essa confusão toda não mexe com a recuperação cíclica no curto prazo, mas desancora o futuro. Coloca em jogo as reformas, que vinham alimentando o otimismo de todo mundo. Havia a confiança de que o governo levaria adiante as reformas, tinha a recuperação cíclica e o Banco Central tinha espaço para jogar o juro para baixo. Todo mundo comprou esse cenário. Tenho dito que apareceu aí um black swan (cisne negro), que ninguém esperava. A reação da bolsa de valores foi isso: pânico. Todo mundo querendo sair pela mesma porta. A alta no dia seguinte foi o ajuste. Exageraram e houve o ajuste.

O fim de semana será crítico. Todo mundo vai parar para avaliar se Temer tem condições de continuar. Eu acho difícil. O governo vai tentar levar adiante a reforma trabalhista, que exige um número menor de votos. Esse é o teste. A prova do pudim. Se não conseguir, aí é o fim.” 

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