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Reformas são urgentes, dizem empresários

Participantes do Fórum Econômico minimizam risco de que eleições interrompam processos

Foto do author Eduardo Laguna
Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Eduardo Laguna (Broadcast), Altamiro Silva Junior (Broadcast) e André Ítalo Rocha
Atualização:

Apesar da defesa praticamente uníssona da agenda de reformas, investidores e empresários, que participaram nos últimos dois dias do Fórum Econômico Mundial em São Paulo, se mostraram pouco preocupados com a eleição de outubro, da qual depende, em grande parte, a continuidade das medidas estruturais. A leitura é de que as reformas, que são a principal demanda do empresariado, tomaram um caminho sem volta.

Para o ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga, os investidores estrangeiros estão concedendo o benefício da dúvida à economia brasileira. Foto: Marcio Fernandes/Estadão

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Na visão de muitos deles, isso não deve mudar mesmo que o vencedor da sucessão presidencial esteja no extremo do espectro político, dada a urgência do País de conter a escalada da dívida pública, simplificar seu sistema tributário e melhorar as condições de competitividade das empresas para, dessa forma, evitar um novo ciclo recessivo, o que também não interessa à classe política.

Para o ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga, os investidores estrangeiros estão concedendo o benefício da dúvida à economia brasileira. “Vejo os estrangeiros mais otimistas do que nós”, comenta o sócio da Gávea Investimentos. Mas essa confiança, ponderou, não vai persistir se o País fracassar na missão de corrigir seus desequilíbrios. “O Estado precisa entregar, porque arrecada muito e entrega relativamente pouco para a sociedade.”

A confiança das companhias foi manifestada em mensagens de que os investimentos no País vão continuar. Entre maio e junho, pouco antes do início das campanhas eleitorais, a Nissan deve anunciar seu próximo plano de investimento no Brasil. “Independentemente do governo que virá, ele terá de fazer as reformas”, disse o presidente da montadora japonesa no Brasil, Marco Silva.

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Na Siemens, um novo ciclo de investimentos, que prevê R$ 5 bilhões em cinco anos, foi anunciado nesta semana porque, conforme disse o presidente da multinacional no País, André Clark, não há outra saída que não seja a continuidade da agenda reformista. “A agenda de reformas se tornou tão urgente que o País não tem outra opção”, acrescentou Clark, repetindo visão do presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, para quem as reformas são “mandatórias”.

Por outro lado, o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, avaliou que os investidores vão se frustrar se o Brasil não conseguir implementar as reformas. “O Brasil pode perder investimentos se não olhar para suas questões essenciais, como garantir a estabilidade macroeconômica.”

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Uma pesquisa feita no fim do ano passado pela consultoria Deloitte com 750 empresas mostrou que a eleição de outubro é apenas a quarta preocupação dos empresários brasileiros. À frente dela estão, nessa ordem, o déficit do País em infraestrutura, a Previdência Social e a situação fiscal.

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