O valor em si, que dá origem a menos remessas de divisas, pode ser considerado um dado positivo sob o ponto de vista estrito do déficit em transações correntes do balanço de pagamentos, ao contribuir para reduzir o saldo negativo da conta de serviços. Não deixa, porém, de ser um reflexo de uma situação de crise em alguns setores, notadamente da indústria automotiva.
Além disso, é preciso considerar que a diminuição da lucratividade de empresas estrangeiras no mercado interno prejudica a imagem do País e já vem influenciando o ingresso de investimentos diretos do exterior, que, nos primeiros sete meses de 2015, foi de US$ 12,730 bilhões, ou 30,11% menos que no mesmo período do ano anterior (US$ 18,216 bilhões).
Como a perspectiva de continuidade da retração, parece otimista a previsão do BC de que os investimentos diretos no País alcancem US$ 25 bilhões ao fim deste ano, mantendo-se nas proximidades do resultado de 2014 (US$ 26,042 bilhões). Nota-se também que vêm caindo os lucros reinvestidos de multinacionais. De janeiro a julho do ano passado, os reinvestimentos atingiram US$ 2,048 bilhões, enquanto em igual período deste ano não passaram de US$ 563 milhões.
Dada a morosidade da ação do governo e a falta de diretrizes administrativas confiáveis, é duvidoso que o total de investimentos externos venha a elevar-se apreciavelmente nos próximos meses, mesmo que estimulados por leilões de empreendimentos em infraestrutura em datas ainda a definir.
Chama a atenção, ainda, o fato de que os negócios de empresas brasileiras que investiram no exterior vêm apresentando melhores resultados. Enquanto nos primeiros sete meses de 2014 essas empresas remeteram para o País US$ 862 milhões, o total já chega a US$ 1,288 bilhão no mesmo período de 2015, um aumento de 49,41%.