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Renan faz governo recuar e aceitar tramitação mais lenta da reforma trabalhista no Senado

O senador atua nos bastidores para que a reforma trabalhista não ganhe caráter de urgência na tramitação

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Por Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - A articulação do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), fez o governo recuar e aceitar uma tramitação mais lenta para a reforma trabalhista na Casa. O vice-presidente da Casa, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), propôs um acordo à oposição nesta quarta-feira, 2, para que a proposta também passe pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) - além da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e de Assuntos Econômicos (CAE) que já haviam sido acordadas.

A manobra de Renan deve atrasar ainda mais a primeira votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara, na medida em que os deputados condicionaram a aprovação das novas regras previdenciárias à aprovação da reforma trabalhista no Senado

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) Foto: André Dusek/Estadão

Para fechar o acordo, a oposição teria que desistir dos requerimentos apresentados no plenário pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) pedindo que o texto tramite em um quarto colegiado: a Comissão de Direitos Humanos (CDH), comandada pela senadora Regina Sousa (PT-PI). Os oposicionistas, entretanto, ainda avaliam a proposta. Eles consideram que o governo só mudou de ideia por considerar que não possui votos suficientes para derrotá-los.

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Ontem, apesar de protestos da oposição, Cássio informou os líderes que projeto passaria simultaneamente pela CAS e pela CAE. O Palácio do Planalto tentava evitar a CCJ, presidida por um dos principais aliados de Renan, senador Edison Lobão (PMDB-MA), que seria responsável por indicar o relator da matéria. Dessa forma, além de atrasar a tramitação do texto, Lobão poderia eleger um senador para o cargo alinhado ao peemedebista, que defende mudanças no texto.

ENTENDA O QUE MUDA NA PREVIDÊNCIA COM A REFORMAGreve. Nesta quarta-feira, Renan voltou a criticar a reforma trabalhista durante reunião com as centrais sindicais no Senado. "Vamos conversar com quem for, os trabalhadores precisam ser ouvidos. Mas não podemos permitir que esse desmonte se faça no calendário que essa gente quer", declarou. Ele cumprimentou líderes sindicais pela greve geral da última sexta-feira contra as medidas econômicas defendidas pelo governo e se colocou à disposição para encaminhar "propostas consensuais".

Renan reforçou em seu discurso que as centrais sindicais são importantes para organizar os movimentos nas ruas contra as medidas econômicas defendidas pelo governo. "Na medida em que houver movimentação, vamos ter reflexo disso no Senado", avaliou. Ele também afirmou que só será possível "resistir" na Casa se os parlamentares "contarem com a mobilização social". "O Senado é uma Casa complexa, mas o processo legislativo não tem como caminhar se não com o ouvido colado nas ruas."

Renan atua nos bastidores ao lado de oposicionistas para que a proposta da reforma trabalhista também passe pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida por um de seus aliados, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), que seria responsável por escolher o relator do texto no colegiado. Ele também defende que o texto não ganhe caráter de urgência na tramitação.

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