A maioria dos indicadores do varejo é ruim. A receita de vendas, por exemplo, teve forte queda real. As vendas dos itens de maior valor, como automóveis e eletrodomésticos, foram afetadas porque o consumidor receia se endividar e o crédito ficou mais caro e escasso. E as dos itens de valor unitário menor, como alimentos e bebidas, caíram porque a inflação desgastou o poder aquisitivo das famílias ou porque o consumidor já não está empregado.
Nos últimos 12 meses, até junho, comparativamente aos 12 meses anteriores, as vendas de veículos caíram 13%, as de livros, jornais, revistas e papelaria diminuíram 9,1% e as de móveis e eletrodomésticos cederam 7,1%. Alguns itens merecem uma avaliação melhor.
As vendas dos hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo ficaram estagnadas entre maio e junho, diminuíram 2,7% em relação a junho de 2014 e 1,2% nos últimos 12 meses. As famílias fazem economia em itens essenciais, o que só em parte se explica pela alta dos preços dos alimentos. A comida farta na mesa é mais figura da propaganda oficial do que realidade.
O comportamento mais favorável está nas vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e perfumaria, que cresceram 0,3% no mês, 6,2% entre os meses de junho de 2014 e 2015 e 6,6% nos últimos 12 meses. É indício de que os que mais dependem desses itens – ou seja, a população idosa – mantêm a renda: entre os maiores de 65 anos, a quase totalidade têm alguma cobertura previdenciária.
As vendas de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação diminuíram entre maio e junho, mas aumentaram na comparação com igual mês do ano passado (+7,9%) e nos últimos 12 meses (+4,4%). Isso pode indicar que empresas e famílias empregam mais recursos em produtos – muitas vezes mais avançados do ponto de vista tecnológico – destinados à atividade profissional e ao estudo. Se isso resultar em mais produtividade será ótimo.