A recessão atinge pequenas e grandes indústrias e uma das saídas poderia ser a exportação. A indústria siderúrgica brasileira tem algumas vantagens comparativas, pois muitas empresas do setor são também proprietárias de jazidas de minério de ferro, e, além disso, a forte desvalorização do real poderia ajudar muito suas exportações, embora haja atualmente superoferta de aço no mercado internacional.
Diante do quadro interno, no entanto, entidades do setor procuram amenizar os problemas pleiteando ao governo, desde o fim de 2014, a elevação das alíquotas do Imposto de Importação (II) sobre alguns produtos siderúrgicos, que hoje variam entre 8% e 14%, as quais subiriam para a faixa de 15% a 20%. A tarifa média é de 10%, bem acima da média mundial, de 3,2%.
O Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) alega que, com o aumento da tarifa, a importação poderia cair a 5% do consumo aparente (importação mais produção nacional), corrigindo o desequilíbrio que se verificou de janeiro a novembro de 2015, quando as compras de aço do exterior atingiram 16% do consumo aparente.
Se estiver havendo concorrência desleal, principalmente da China, medidas devem ser tomadas para combater essa prática. Contudo, aumentar tarifas de importação, criando uma reserva de mercado para as siderúrgicas nacionais, seria um grave erro, prejudicando as negociações em que o País deveria se engajar com outros blocos de modo a ampliar sua participação nos fluxos de comércio internacional.
Numa fase em que o novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, se declara disposto a apoiar os esforços do Mercosul para a obtenção de um acordo de comércio com a União Europeia, seria particularmente inoportuno que o governo brasileiro tomasse uma iniciativa que viria a reforçar a armadura protecionista aqui já existente