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Resultado da balança aponta continuidade do quadro recessivo

Análise: José Augusto de Castro

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Por Redação
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Os resultados de agosto da balança comercial, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, vêm se somar a outros indicadores que confirmam o quadro recessivo da economia brasileira. Os números apontam para um futuro não muito promissor, com a persistência da queda dos investimentos, como evidencia a redução das importações de bens de capital (-7,3%) em relação a agosto de 2013; e o esfriamento da demanda interna, como mostra o declínio na aquisição de bens de consumo duráveis de 13,3% no mesmo período. A queda não foi apenas de automóveis (-16,1%), mas também de máquinas e aparelhos para uso doméstico (-26,5%).

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As importações brasileiras como um todo registraram uma ínfima variação positiva de 0,1%, por conta da elevação de compras de petróleo e combustíveis, mas no acumulado de janeiro a agosto, a queda está em 3,0%, com variação negativa em todos os agregados das importações.

Não muito diferente é o panorama das exportações: ligeiro aumento de 0,1% em agosto e queda de 0,5% nos oito primeiros meses. O aumento da receita de 4,7% com produtos básicos observado até agosto foi liderado pela antecipação dos embarques de soja em grão, gerando alta de 9,6% no período janeiro/agosto. Mas, para os próximos meses, há apenas um volume residual a ser embarcado. O segundo principal produto é o minério de ferro, cujo maior volume despachado não está compensando a forte redução de preço (-20,3% em agosto). Um dado positivo foi que os embarques de petróleo em bruto cresceram expressivamente. Os industrializados continuam com desempenho desanimador (-6,3% em agosto).

Em termos de mercados, em agosto verifica-se a continuidade no declínio do comercio com o Mercosul, com quedas expressivas nos dois pratos da balança, motivado pela crise argentina. Mas o que chama mais atenção é o significativo tombo no intercâmbio com a China, até então o grande polo dinâmico do comércio exterior do País. As quedas foram de 18,3% nas exportações e de 4,3% nas importações.

A balança registrou superávit em agosto, o pior nos últimos 13 anos. No acumulado do ano, o saldo é de apenas US$ 249 milhões, melhor que o déficit de US$ 3,7 bilhões de 2013, mas um número decepcionante para o potencial do Brasil.

A perspectiva da balança comercial para 2014 é de pequeno superávit, mas um superávit negativo, pois deverá ser obtido pela queda das importações, e não pelo aumento das exportações.

* Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB)

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