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Resultado do PIB dá a entender que pior já passou, diz economista

Professor de economia do Insper João Luiz Mascolo destaca, no entanto, que ainda há muita incerteza política no País

Por Álvaro Campos
Atualização:
'Para este ano, uma queda de cerca de 3,8% já está dada' Foto: Divulgação

SÃO PAULO - Os números do PIB do primeiro trimestre dão a entender que o pior para a economia brasileira já passou, na avaliação do professor de economia do Insper João Luiz Mascolo. A economia teve contração de 0,3%, na margem, melhor do que a mediana dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, de queda de 0,8%.

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"Obviamente que os números ainda são muito ruins, o estrago foi maior do que qualquer um imaginava, mas não se deve esperar uma queda maior do que essa de 5,4% na comparação anual (no primeiro trimestre). A questão é que ainda há muita incerteza política pela frente", comenta.

Segundo ele, o pior cenário seria a volta da presidente afastada Dilma Rousseff. Por outro lado, se o presidente em exercício, Michel Temer, conseguir aprovar projetos importantes no Congresso, as projeções para a economia poderiam melhorar um pouco. "Para este ano, uma queda de cerca de 3,8% já está dada. Pode haver alguma melhora pequena, mas não faz muita diferença", explica. Para ele, na margem, talvez o PIB volte ao positivo no quarto trimestre deste ano.

Segundo Mascolo, os números do IBGE deixam claro que a estratégia do governo é melhorar a confiança, o que impulsionaria os investimentos. Com isso, entre os componentes do PIB, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) seria o primeiro item a começar a avançar. "Os dados deixam claro que a recuperação não virá do consumo privado ou dos gastos do governo". Ele aponta ainda que o setor externo também tem ajudado a amenizar a contração da economia, "que seria muito maior sem isso". Essa contribuição positiva ocorre mesmo com a fragilidade nos preços das commodities.

Nesse sentido, o professor do Insper aponta que o desempenho da China este ano será mais importante para o Brasil do que a normalização da política monetária nos EUA. "O Federal Reserve deve aumentar os juros duas vezes este ano, e isso já está mais ou menos no preço. A magnitude desse aperto não é tão contundente. A situação da China é mais importante, porque as commodities dependem muito disso", explica. 

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