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Reunião do BC para definir juros começa nesta terça; mercado observa voto de diretores dissidentes

Como o mercado espera corte da taxa de juros na segunda metade do ano, atenção recai sobre Sidnei Marques e Tony Volpon, que têm insistido em votar pelo aumento da Selic desde novembro

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Por Célia Froufe
Atualização:
Analistas esperam corte da taxa de juros no 2º semestre deste ano Foto: André Dusek/Estadão

O Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou na tarde desta terça-feira, 26, a primeira parte da reunião que decidirá o rumo dos juros na quarta-feira, 27, à noite. A grande expectativa é sobre o comportamento dos diretores Sidnei Marques e Tony Volpon, que, desde novembro, têm insistido em votar pelo aumento da taxa básica Selic, atualmente em 14,25% ao ano. 

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Como o mercado financeiro aposta maciçamente que o Banco Central cortará os juros na segunda metade do ano, por causa, entre outros pontos, da recessão econômica, espera-se que esses dois diretores mudem de posição para que o colegiado não acabe votando por uma queda ao mesmo tempo em que dois de seus membros ainda queiram ver uma alta. A dúvida é sobre se essa mudança de posição já viria nesta reunião ou se eles preferirão aguardar mais um mês de avaliação de indicadores.

A favor dessa aposta de inversão de votos está a redução da inflação corrente e das expectativas para o IPCA no Relatório de Mercado Focus. Não se sabe ainda se esses movimentos - vistos no último mês em especial - já serão suficientes para que os diretores mais hawkishes (conservadores) mudem de ideia. O dólar também ajuda, comercializado na casa de R$ 3,50. Nas vésperas do Copom passado, no início de março, estava cotado acima de R$ 3,90.

Da mesma forma, de lá pra cá, o IPCA acumulado em 12 meses cedeu de 10,36% em fevereiro para 9,39% em março e as projeções para a inflação deste ano caíram 0,59 ponto porcentual, de 7,57% antes do Copom anterior para 6,98% agora. O que chama mais atenção é o grupo de instituições Top 5, conhecidas por serem as cinco que mais acertam os resultados da inflação no médio prazo. Neste caso, a expectativa para o IPCA de 2016 caiu de 7,95% para 6,66%. Todas as previsões, vale lembrar, ainda estão acima do teto permitido de 6,50%.

A retração econômica também vem diminuindo as forças de negociações salariais vultosas, como era visto nos anos anteriores, e isso tende a ser mais um fator de menor pressão sobre a inflação e de liberação para o esperado corte de juros pelo mercado. Até agora, o BC vinha enfatizando de todas as formas possíveis que não há espaço para queda da Selic neste momento. Portanto, o foco, além da continuação ou não do dissenso, estará sobre a sinalização que o Comitê dará no comunicado que se seguirá à decisão de quarta.

Esse documento será fundamental para calibrar as apostas para o Copom seguinte, marcado para os dias 7 e 8 de junho. Até lá, também, haverá mais informação sobre o comportamento dos preços e da atividade, além da ata da reunião de amanhã, prevista para ser conhecida na quinta-feira da semana que vem. 

Política. Outra dúvida que deixa investidores e especuladores em alerta, e que não tem como se descolar das questões econômicas, é a área política, que tem se sobreposto muitas vezes à tecnicidade. O avanço do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, se confirmado como o previsto, deve desaguar numa mudança de composição total da equipe econômica. E isso se reflete também sobre o Banco Central, que poderá ter outra composição já na próxima reunião. 

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Ainda se trata de uma hipótese, porque, além de todo o trâmite político, no caso da autarquia, há também uma questão de rito, que leva tempo. As mudanças promovidas pelo Executivo na cúpula da instituição não são automáticas como trocas de ministros, e é preciso que os indicados pelo possível substituto de Dilma passem também pelo crivo do Senado.

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