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Ricardo K deixa antiga OGX e Eike negocia com Tanure

Por divergências, consultoria responsável pela reestruturação sai da petroleira; ao mesmo tempo, Eike tenta fusão com a rival HRT

Por Mariana Durão , Mariana Sallowicz e Monica Ciarelli (Broadcast)
Atualização:
Sócio.Eike continua dono de 47% da OGPar, com participação direta e indireta (via OSX) Foto: Wilton Junior/Estadão

Divergências intransponíveis com a administração da OGPar, ex-OGX, culminaram com a saída do consultor Ricardo Knoepfelmacher, da Angra Partners, da reestruturação da petroleira. A gota d'água para K, como é conhecido no mercado, foi uma ação judicial proposta pela OGX contra a empresa irmã OSX, no apagar das luzes de 2014. À frente também da recuperação do estaleiro, a Angra se opôs à medida de força endossada pela diretoria da empresa de petróleo.

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Ao mesmo tempo, Eike Batista tem sido sondado por Nelson Tanure, principal acionista da HRT, sobre uma potencial fusão entre as duas petroleiras. O fundador do grupo X estaria seduzido pela possibilidade de chegar a um acordo e se manter no mundo dos negócios. As conversas envolvem um dos empresários mais ricos da Nigéria, apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Em 22 de dezembro, a OGPar conseguiu uma liminar para reduzir o valor do aluguel diário pago pela petroleira pelo uso da plataforma OSX-3, instalada no campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos. Com a decisão da 4ª Vara Empresarial do Rio, o montante passou de US$ 250 mil por dia para US$ 130 mil por dia. A alegação da petroleira para a mudança do valor é de que desde a última renegociação, divulgada em setembro de 2014, o preço do barril do petróleo Brent caiu de US$ 97,11 para US$ 61,06, em 15 de dezembro.

Segundo uma fonte, a visão da Angra é que a medida judicial joga por terra um ano de negociações e a credibilidade conquistada junto aos credores que financiaram a construção da OSX-3. Após uma verdadeira queda de braço, a Angra Partners havia conseguido renegociar, no ano passado, o valor da diária dos US$ 439 mil contratados para US$ 250 mil.

Além disso, o que se diz nos bastidores é que mesmo com a redução, o valor do aluguel ainda é muito elevado para a petroleira. Com a queda do preço internacional do barril de petróleo, o custo de produção da OGX hoje estaria acima de seus ganhos. K se opôs à ação e a relação com a diretoria - em especial com o presidente, Paulo Narcélio, indicado por ele - ficou estremecida. "A empresa precisa passar por uma nova reestruturação, pode quebrar de novo e a administração não quer tomar as atitudes que precisam ser tomadas", disse uma fonte.

Briga.

De acordo com outra fonte, conselho de administração da OGPar se reuniu na quarta-feira e decidiu sacramentar o fim da parceria com a gestora de crise Angra Partners, contratada em agosto de 2013 pela companhia. Procurada, a OGPar não se manifestou. Knoepfelmacher continua como consultor da OSX e da mineradora MMX.

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Segundo pessoas próximas aos dois lados, um dos motivos para o fim do acordo entre OGPar e Angra é o entendimento de que a petroleira já está com o processo de recuperação judicial encaminhado, após a aprovação pelos credores no ano passado, e de que a assessoria financeira, que atuou ativamente entre 2013 e 2014, já teria feito a sua parte.

"Foi uma opção do conselho entre o executivo, que toca a empresa, e o assessor financeiro. São visões distintas, que não daria para conciliar. O conselho colocou na balança e entendeu que nesse momento essa seria a melhor escolha", disse uma fonte. Eike Batista continua sendo o presidente do conselho da OGPar, o que sinaliza que pode ter havido um desgaste também com o empresário.

A Angra Partners teria preferido deixar a OGPar tendo em seu currículo a aprovação da recuperação judicial e a conversão de R$ 13,8 bilhões em dívidas da empresa em participação acionária. Com a medida, Eike continua dono de 47% da companhia por participação direta e indireta (via OSX). O próximo passo previsto é converter US$ 215 milhões em novos recursos injetados pelos principais credores em ações, o que reduziria a fatia do empresário a 5%.

No entanto, com o preço do petróleo em queda - reduzindo o valor da empresa no mercado - cresce a perspectiva de que os detentores dessa dívida optem por não realizar essa conversão e manter o débito até que a situação do setor melhore.

Diante disso, a movimentação de Tanure pode se tornar uma saída para a OGPar. A análise de especialistas do setor é que o negócio traria sinergias interessantes, já que os campos de Polvo, da HRT, e de Tubarão Martelo, da OGX, são vizinhos .

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