PUBLICIDADE

Risco de perder casa assusta moradores

Em condomínio no Distrito Federal, beneficiários do Minha Casa sentem aumento da cobrança pela Caixa

Foto do author Murilo Rodrigues Alves
Por Murilo Rodrigues Alves
Atualização:

BRASÍLIA - A maior parte dos moradores do Residencial Paranoá Parque, em uma das cidades-satélites de Brasília, já recebeu ligações ou SMS da Caixa informando que precisam colocar em dia as prestações. Nos casos em que o atraso era de apenas um mês, o banco informou que podia levar o nome do mutuário para o serviço de proteção ao crédito. Nas situações em que as prestações atrasadas eram mais de três, a Caixa avisou que o imóvel pode ser retomado e entregue a outra família. 

Essa ameaça preocupou Heleno José Ferreira. Ele mora com a esposa e dois filhos adolescentes em um apartamento no térreo de um prédio com uma sala, dois quartos, banheiro e cozinha – o padrão do empreendimento. “Às vezes, é tanta coisa na vida da gente... Doença, outras contas para pagar. Você acaba atrasando a prestação. Mas não posso correr o risco de perder a minha casa, meu sonho”, disse. Ele reuniu todos os comprovantes das prestações – R$ 38 por mês – e levou à agência da Caixa para regularizar a situação. 

'Governo dá com uma mão, mas ameaça tirar com a outra', diz o síndico Silva Foto: Murilo Rodrigues Alves/Estadão

PUBLICIDADE

“O governo dá com uma mão mas ameaça tirar com a outra”, afirmou Antônio José da Silva, morador e síndico de um dos condomínios. Ele disse que muitos moradores o procuraram preocupados com a situação. 

A prática de cobrança assim que a prestação vence passou a ser comum só nos últimos meses, dizem os moradores. Silva reclama que o governo não tem o mesmo empenho para cumprir a promessa de que o empreendimento teria transporte, segurança, postos de saúde e escolas. A principal preocupação dele é como 8 mil crianças ficarão sem ter um colégio por perto. Uma das saídas, disse, será transformar o cômodo onde os síndicos ficam em sala de aula.

No empreendimento, muitos ainda reclamam que a Caixa faz as cobranças mesmo quando as prestações estão em dia. É o caso da gari Rosilene Maria das Neves, que mora e trabalha no local. O banco estatal cobra dela cinco prestações atrasadas, mas ela garante que fez os pagamentos e tem os comprovantes. “Atrasei no mês passado porque estava de férias e tive de ajudar a família de uma tia que morreu de câncer. Mas tento pagar tudo direitinho.” A prestação dela é de R$ 122 por causa dos móveis que comprou pelo programa Minha Casa Melhor, hoje suspenso. Só pela moradia, paga R$ 54.

A síndica Rosicler Back recebeu vários SMS com a informação de que o nome dela ficaria sujo se não pagasse duas prestações, de R$ 60 cada uma. “Avisei a atendente que, para não ter aborrecimento vou pagar duas de uma vez. Poucos dias depois de vencer, eles não param de ligar e mandar SMS.” 

A Caixa afirmou, em nota, que é praxe a cobrança via SMS, inclusive orientando as famílias sobre a possibilidade de retomada do imóvel, caso não coloque em dias as prestações. “Eventualmente, se o beneficiário pagou a prestação no mesmo dia da cobrança ou até 24 horas antes, ele pode ter recebido o aviso. Nesse caso, deve desconsiderar. Não precisa comparecer ao banco para comprovar o pagamento”, informou. 

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.