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Rombo nas contas externas soma US$ 2,5 bi, menor resultado para junho desde 2009

Resultado veio pior do que o esperado por analistas; saldo da conta de viagens ficou negativa em US$ 970 milhões no período

Por Bernardo Caram e Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - Após o superávit de US$ 1,200 bilhão em maio, o resultado das transações correntes ficou negativo em US$ 2,479 bilhões em junho. A projeção do Banco Central para a conta corrente do mês passado era de um saldo negativo de US$ 1 bilhão, por causa da expectativa de uma balança comercial menos robusta. O saldo do mês de junho é o menor para o mês desde 2009. 

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O resultado de junho ficou fora do intervalo do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast com 27 instituições, que ia de um déficit de US$ 1,800 bilhão a déficit de US$ 100 milhões. A mediana era negativa em US$ 1,5 bilhão. Para 2016, o BC espera um rombo de US$ 15 bilhões.

Segundo o chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel, a valorização do real nos últimos meses e os sinais de estabilização da atividade econômica levam a uma previsão de que o ajuste das contas externas venha em ritmo mais lento no segundo semestre. No primeiro mês do novo semestre, julho, o déficit em conta corrente deve alcançar US$ 4,3 bilhões.

A balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 3,755 bilhões em junho, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 3,594 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária em US$ 2,873 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou no vermelho em US$ 2,247 bilhões.

No acumulado do primeiro semestre do ano, o rombo nas contas externas soma US$ 8,444 bilhões. Já nos últimos 12 meses até junho deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 29,439 bilhões, o que representa 1,67% do Produto Interno Bruto (PIB). Esta relação é a menor desde dezembro de 2009. 

De acordo com Maciel, no déficit até junho foi observado um ajuste significativo nas contas, motivado exatamente por um câmbio mais desvalorizado e pela recessão econômica. "Em junho, tivemos uma redução no ritmo do ajuste externo. Isso pode ser atribuído à menor intensidade desses fatores, que estiveram presentes ao longo de 12 meses", explicou.

A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira estava em US$ 332,644 bilhões em junho. Segundo a instituição, o ano de 2015 terminou com uma dívida de US$ 334,745 bilhões e o último dado verificado (do mês de março) somava US$ 334,608 bilhões. A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 272,184 bilhões em junho, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 60,460 bilhões no fim do mês passado, segundo as estimativas do BC.

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Viagens. A conta de viagens internacionais voltou a registrar déficit em junho. No mês passado, quando o dólar recuou 11% ante o real, a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil foi de um saldo negativo de US$ 970 milhões. Em igual mês de 2015, o déficit nessa conta era de US$ 1,203 bilhão.

O desempenho da conta de viagens internacionais foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 1,372 bilhão em junho. Já o gasto dos estrangeiros em passeio pelo Brasil ficou em US$ 402 milhões no mês passado. No acumulado do ano, o saldo líquido dessa conta ficou negativo em US$ 3,377 bilhões. Em igual período do ano passado, esse valor era de US$ 6,996 bilhões. Para 2016, o BC estima um déficit de US$ 6,0 bilhões para esta rubrica, praticamente a metade dos US$ 11,5 bilhões de déficit registrados em 2015.

Investimentos. O investimento estrangeiro em ações brasileiras ficou positivo em US$ 2,162 bilhões em junho. Em igual mês do ano passado, o resultado também havia sido positivo, em US$ 791 milhões. No acumulado deste ano, o saldo está no azul em US$ 5,988 bilhões. Pelo cálculos do BC, os investidores estrangeiros deixarão saldo positivo de US$ 4,0 bilhões em ações este ano no País.

Já o saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no País ficou positivo em US$ 1,071 bilhão em junho e negativo em US$ 11,389 bilhões no acumulado do primeiro semestre. Para o ano, a estimativa do BC é de saldo negativo de US$ 12,5 bilhões na renda fixa.

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Em junho do ano passado, essas aplicações em renda fixa ficaram negativas em US$ 242 milhões e, no acumulado do primeiro semestre de 2015, positivas em US$ 21 bilhões. O saldo foi de US$ 16,296 bilhões positivos no ano passado. 

Remessas. A remessa de lucros e dividendos de companhias instaladas no Brasil para suas matrizes foi de US$ 1,396 bilhão em junho. A saída líquida representa um volume menor do que os US$ 2,509 milhões que foram enviados em igual mês do ano passado, já descontados os ingressos.

No primeiro semestre deste ano, a saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos alcançou US$ 7,862 bilhões. O resultado enviado é inferior ao registrado em igual período do ano passado, quando as remessas foram de US$ 9,482 bilhões. A expectativa do BC é que a remessa de lucros e dividendos deste ano some US$ 19,0 bilhões.

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