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Rumo da economia faz setor crer em retomada

Mesmo com estoques de imóveis elevados, empresários e profissionais do mercado apostam em recuperação e defendem aprovação de reformas

Por Débora Ribeiro
Atualização:

Entre dirigentes e empresários da indústria da construção, o sentimento é de recuperação, independentemente dos capítulos da crise política, e mesmo com o mercado pressionado por estoques elevados de imóveis novos.

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O economista-chefe do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Celso Petrucci, lembra que, em março, quando foi lançado o Anuário 2016 da entidade, a projeção indicava crescimento do setor em 5% a 10% neste ano, levando em conta três pontos: “O País estava começando a crescer, e isso se consolidou. A taxa de juros básica estava caindo, e isso continua. E o aumento do desemprego também perdeu velocidade”.

O presidente do Secovi, Flavio Amary, reforça. “O setor aposta na retomada da atividade econômica”, diz na introdução do Anuário. “Por meio da desaceleração da inflação, da manutenção da tendência de redução da taxa de juros, do incentivo à produção e consequente diminuição do desemprego.”

Amary e todo o setor defendem a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, como forma de garantir a manutenção desse quadro.

Para o presidente do Secovi, Flavio Amary, 'o pior já passou' Foto: GIldo Mendes/Estadão

No fim de maio, cerca de 1.300 profissionais, dirigentes e empresários da área reuniram-se em Brasília para o Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic). Durante o evento, participantes foram em caravana ao Congresso Nacional propor que as reformas sejam votadas ainda neste semestre.

Em reuniões com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunicio de Oliveira (PMDB-CE), defenderam que, sem aprovação dos textos, existe o risco de volta da recessão.

Seria mais uma medida para afastar o fantasma dos números ruins. O resultado de 2016 foi o pior desde 2004. Foram 17,6 mil unidades lançadas e 16,2 mil vendidas na cidade de São Paulo.

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Pior ainda, segundo Petrucci, foi o valor global de vendas (VGV) de apenas R$ 8,6 bilhões. Caiu mais da metade: de 2004 a 2015, o VGV médio atualizado contabilizou a venda de R$ 17,9 bilhões por ano, segundo dados do Secovi. Foram 344 mil unidades comercializadas em 12 anos – em média, 28,6 mil a cada ano.

Patamar. Diante dos sinais de melhora na economia, Amary acredita que o “pior já passou”. Empresas premiadas nesta edição do Top Imobiliário afirmam que o patamar para lançamentos e vendas vai subir com retomada gradual da atividade econômica, justamente em função da queda da inflação, redução dos juros, que deve levar à geração de empregos. Para 2017, o Secovi diz que a previsão de 5% a 10% de crescimento está mantida.

Nesse sentido, o setor defende a posição de que a política econômica está no rumo certo depois da Lei do Teto de Gastos e o encaminhamento das reformas previdenciária e trabalhista. O resultado, segundo Petrucci, são o recuo da inflação, a taxa de juros que nos últimos meses, caiu 14,25% para 10,25% – quase 30% de queda da taxa básica.

“Isso traz segurança para quem vai comprar imóvel porque sabe que taxa de juros no crédito imobiliário a tendência também é cair daqui para frente”, avalia. “Melhora a expectativa da economia.”

Para Petrucci, a não ser que haja uma ruptura institucional na área política, a retomada da economia continuará a ser gradativa. “Mas veio para ficar”, afirma.

Ao mesmo tempo, estudo da Fundação Getúlio Vargas reforça a perspectiva de recuperação do setor, mensurando a demanda potencial por domicílios residenciais, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A projeção é de incremento de 14,5 milhões de unidades no estoque de domicílios entre 2015 e 2025. No período de 2004 a 2014, foram construídas 15 milhões de habitações.

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O Brasil, segundo o Secovi, tem de resolver a equação capaz de colocar no mercado 1,5 milhão de moradias só para atender a demanda anual – sem contar o déficit habitacional, que chegou a 6,1 milhões de moradias em 2014. Ou seja, há necessidade de que sejam feitas muitas obras para solucionar a questão.

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