Embora o BC tenha advertido que a mudança metodológica em seus cálculos de indicadores econômicos não levaria a grandes alterações nos resultados, esse fato pode ter tido alguma influência no resultado do IBC-Br de fevereiro.
Nota-se também que a desaceleração do ritmo de atividade econômica naquele mês poderia ser mais intensa não fosse o efeito da produção agrícola no Sul e, principalmente, no Centro-Oeste. Com efeito, o Índice do Banco Central de Commodities (IBC-CO) subiu 4,28% e o indicador de Serviços (IBC-S) teve uma leve elevação de 0,16%, o que pode ser consequência da demanda por transporte da safra.
Nas regiões onde há mais concentração industrial, como no Norte, basicamente por influência da Zona Franca de Manaus, a queda foi de 1,70%. Já no Sudeste, onde se concentra o maior parque industrial do País, houve declínio de 1,53%. No Nordeste, o recuo foi de 0,59%, sempre em relação ao mês anterior.
O IBC-Br de fevereiro não chega a alterar a expectativa do mercado quanto à queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2016. O economista Pedro Ramos, do Banco Sicredi, prevê uma retração igual à do último trimestre de 2015 (1,4% em relação aos três meses anteriores) ou muito próxima desse patamar.
Ainda que o clima político e econômico venha a melhorar a partir de meados de maio, com alteração da política econômica por um novo governo, a previsão dos analistas, como revela o último boletim Focus do Banco Central, é uma redução de 3,8% do PIB este ano.
O fato é que a situação fiscal do País é de tal gravidade que as medidas que vierem a ser tomadas, embora possam contribuir para restaurar a confiança dos investidores e de uma parcela de consumidores, levarão meses para terem pleno efeito. Só poderia ocorrer uma certa retomada do ritmo de atividade econômica a partir do início de 2017.