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Salão do Automóvel abre as portas sem ‘apelo verde’ e carros autônomos

Veículos sem motoristas e carros elétricos ficaram de fora do maior evento do setor no País; em cenário de crise, que deve começar a arrefecer, foco das empresas são os modelos que podem caber no bolso do brasileiro

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Com menos artistas, dançarinos e shows de luzes em relação a anos anteriores, o Salão do Automóvel de São Paulo abre as portas ao público na quinta-feira, 10, mais focado em veículos que estão ao alcance dos consumidores brasileiros. O apelo verde dos carros elétricos é discreto, pois a maioria dos executivos só vê a possibilidade de vendas em maior escala se tiver ajuda do governo com subsídios especiais, como ocorre nos demais países. A grande aposta dos mercados desenvolvidos e estrela dos salões mundo afora, os carros autônomos, estão ausentes.

O evento deste ano, num cenário de crise intensa de vendas que deve começar a arrefecer, “tem a ver com a grande vontade da indústria de reativar o mercado, por isso está mais voltado a lançamentos de produtos do momento”, diz o presidente da General Motors do Brasil, Carlos Zarlenga, referindo-se a veículos que começam a ser vendidos no País ou que chegam no curto prazo.

Com vendas em forte queda, Salão do Automóvel está mais ‘contido’ este ano Foto: Felipe Rau|Estadão

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Como os autônomos ainda são uma realidade distante, ficaram fora do foco. Os elétricos e híbridos aparecem em alguns estandes, mas, no geral, não estão entre as estrelas da mostra. Exceções para a Volkswagen, que apresentou o conceito elétrico BUDD-e, uma releitura da Kombi, e da Kia, com o híbrido Niro. Nissan e GM mostram os já conhecidos Leaf e Bolt (uma atualização do Volt).

O salão deste ano tem como principais atrações os novos utilitários-esportivos (SUVs) que estão presentes em praticamente todos os estandes, a maioria deles para produção local.

O presidente mundial da Honda, Takahiro Hachigo, um dos poucos executivos globais presentes ao evento na apresentação à imprensa ontem, veio ao País especialmente para mostrar o WR-V, SUV compacto que será produzido na fábrica de Sumaré (SP) no primeiro semestre de 2017.

O modelo é o primeiro desenvolvimento da subsidiária brasileira, com suporte da matriz japonesa, e será exportado para a América do Sul. Será mais barato que o HR-V, que custa a partir de R$ 78 mil. “O WR-V é inédito no mundo”, afirma Hachigo. Com esse produto, a Honda do Brasil se equipara às unidades do grupo na Ásia, Europa e Estados Unidos, que também desenvolvem produtos regionais, além do Japão.

O início da produção local do modelo, contudo, ainda não representará aumento significativo de volume que justifique a inauguração da fábrica do grupo em Itirapina, concluída no início do ano, mas ainda fechada em razão da depressão do mercado brasileiro. “Não há data prevista para abertura”, informa o presidente da Honda no Brasil, Issao Mizoguchi.

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SUVs em destaque. O segmento de SUVs é o único no Brasil que tem apresentado desempenho mais favorável de vendas. Representa hoje cerca de 15% das vendas totais, segundo cálculos de Sérgio Ferreira, diretor-geral da Jeep na América Latina, marca do grupo Fiat Chrysler. Para o próximo ano, ele aposta que essa fatia irá a 17% e, no futuro, a 30%, se o mercado brasileiro seguir a tendência de países mais desenvolvidos.

A Jeep mostra no salão o Compass, utilitário que começou a ser fabricado em Goiana (PE) na semana passada e custará na faixa de R$ 100 mil. O Renegade, lançado no início do ano, já teve 80 mil unidades vendidas.

A Renault mostra a Captur, um SUV de médio porte, que está sendo produzida no Paraná e se juntará ao Duster e, futuramente, ao Kwid, um utilitário pequeno por enquanto apresentado como conceito. “Não vemos limite para o mercado de SUV, que hoje responde por 20% das vendas de veículos na América Latina, participação que era metade disso há quatro ou cinco anos”, diz Olivier Murguet, presidente da Renault para a região das Américas.

“Tem uma proposta de SUVs para cada segmento do mercado, do premium ao compacto, passando pelos médios”, diz Murguet. O Kwid, por exemplo, será o carro de entrada da marca, posição que até pouco tempo era do Clio.

Outra marca que inicia a produção local de um SUV pequeno é a Hyundai, que fará o Creta em Piracicaba, fábrica que recebeu investimentos de US$ 130 milhões para a nova linha, que dividirá espaço com a família HB20. O modelo começará a ser vendido em janeiro, na faixa de preço de R$ 80 mil.