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Samsung terá de desembolsar R$ 10 milhões por casos de assédio moral

Funcionários da empresa sul-coreana no Brasil relataram desde agressão física até ingestão forçada de bebida alcoólica; companhia nega abusos

Por Natália Cacioli
Atualização:
Empresa terá deinvestir R$ 5 milhões em campanha publicitária sobre assédio moral e doar outros R$ 5 milhões a instituições idôneas Foto: AFP

SÃO PAULO - A Samsung fez um acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em São Paulo para pagar R$ 10 milhões e assim evitar a judicialização de casos de assédio moral sofridos por seus funcionários no Brasil. A empresa assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no qual se compromete a adotar medidas gerenciais imediatas para erradicar a prática, além de desenvolver e veicular uma campanha publicitária na mídia sobre assédio moral.

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Funcionários da Samsung do Brasil relataram sofrer diversas formas de abusos no ambiente de trabalho. Em um dos casos, uma mulher chegou a ser agredida fisicamente por um diretor e ridicularizada na frente de mais de 80 pessoas. Ela contou ainda que era constantemente obrigada a ficar além de seu horário de trabalho. Por causa do assédio constante, ela se afastou do trabalho e faz tratamento psiquiátrico até hoje.

As investigações apontaram que o ambiente de trabalho hostil estava ocasionando doenças psicológicas e cardíacas em vários trabalhadores. Há acusações de que os empregados eram obrigados a ingerir bebida alcoólica por "razões culturais" dos superiores.

Punições. Com o acordo, a Samsung não terá de responder processo na Justiça. No entanto, a empresa se comprometeu a investir R$ 5 milhões em ações publicitárias, que serão veiculadas em emissoras de TV e rádio e em jornais de grande circulação em abril e maio. A empresa irá apresentar o conteúdo da campanha para o MPT na semana que vem.

Além disso, a Samsung também será obrigada a doar outros R$ 5 milhões para instituições sociais idôneas, cujas indicações deverão ser aprovadas pelo MPT. A empresa terá ainda de apresentar anualmente ao Ministério Público todas as denúncias recebidas referentes a assédio moral e quais medidas foram adotadas.

O acordo chegou a ser cancelado em meados de 2014, porque a Samsung afirmou que havia demitido um diretor envolvido nos casos de assédio. No entanto, esse diretor foi promovido e transferido para outro país. A negociação só foi retomada após a comprovação de afastamento desse funcionário.

Outro lado. Em nota, a Samsung afirmou que o acordo feito com o MPT não implica em reconhecimento de assédio moral individual a quem quer que seja. "Como uma empresa global, respeitamos as leis e regulamentos de todos os países em que operamos", disse.

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A empresa afirmou ainda que tem o compromisso de tratar seus funcionários com dignidade, proporcionando um ambiente de trabalho que garanta os mais elevados padrões de saúde, segurança e bem-estar. "Com o objetivo de garantir elevados padrões de conformidade, em todas as nossas unidades, mantemos canais de denúncia e realizamos inspeções regularmente".

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