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É 'inevitável' realizar as reformas estruturantes, diz presidente do BC

Durante participação em audiência pública no Senado, Ilan Goldfajn é advertido por parlamentares sobre dificuldade de avançar com a reforma da Previdência à medida que a eleição se aproxima

Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Idiana Tomazelli e Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA – A realização das reformas estruturais é “inevitável”, disse nesta terça-feira, 10, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Pouco antes de fazer o comentário, o presidente do BC havia sido advertido por dois senadores, um deles da base do governo, sobre a dificuldade em avançar com a reforma da Previdência em meio à proximidade do calendário eleitoral.

“Não há como escapar de fazer as reformas em algum momento, e quanto mais cedo, melhor”, afirmou Goldfajn. “As despesas obrigatórias vão crescendo e ocupando espaço dentro do teto. Isso tem que ser feito de qualquer forma”, acrescentou.

'Há expectativas por parte do mercado de quedas adicionais da Selic à frente',afirmou o presidente do BC, Ilan Goldfajn. Foto: André Dusek/Estadão

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O presidente do Banco Central afirmou que, caso o cenário básico de inflação evolua conforme o esperado, a instituição vê como “adequada uma redução moderada” no ritmo de redução na taxa básica de juros, a Selic. Nas mesmas condições, o Comitê de Política Monetária (Copom) antevê um “encerramento gradual” do ciclo de flexibilização monetária.

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Segundo Goldfajn, o cenário básico para a inflação não se alterou de forma material desde a última reunião do Copom, mas o processo de redução dos juros vai continuar dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação. Hoje, após sucessivos cortes, a Selic está em 8,25% ao ano, e o mercado espera que encerre 2017 em 7% ao ano segundo o Boletim Focus.

“Há expectativas por parte do mercado de quedas adicionais da Selic à frente”, afirmou o presidente do BC.

A dosagem da política monetária se mostrou adequada diante da necessidade de ancorar expectativas para a inflação, defendeu o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Segundo ele, o ritmo de elevação de preços não teria apresentado a mesma desaceleração observada caso a autoridade monetária não tivesse atuado de maneira firme para "domar" as perspectivas.

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Além disso, houve o choque nos preços dos alimentos, que contribuiu para a redução da inflação em quase 2 pontos porcentuais. Isso também justifica por que a inflação está abaixo da meta de 4,5% - economistas já apostam no risco real de o índice ficar abaixo do piso da meta, que é de 3%.

"É natural esperar que, no regime de metas, a inflação flutue em torno da meta. A flutuação não é sempre acima da meta", ressaltou.

Reformas sob risco. Após o presidente do Banco Central citar no "balanço de riscos" à condução da política monetária uma eventual frustração na condução das reformas estruturantes, dois parlamentares o advertiram de que "dificilmente" a reforma da Previdência avançará no período próximo às eleições. Os senadores Fernando Bezerra (PMDB-PE) e Armando Monteiro (PTB-PE) cobraram de Goldfajn uma explicação de como o BC agirá diante dessa perspectiva.

Bezerra disse que cálculos apontam um "excesso" de US$ 145 bilhões nas reservas internacionais detidas pelo Brasil e que isso poderia ser usado neste momento para aliviar a situação fiscal e "oferecer mais espaço" para a agenda de reformas estruturantes. "Não vamos conseguir avançar nessa reforma da Previdência como gostaríamos em função da eleição", admitiu o peemedebista.

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"Concordo com senador Fernando Bezerra, acho que não vamos conseguir. Com a proximidade do calendário eleitoral e com os problemas que hoje envolvem ambiente político no Brasil, não vamos conseguir de forma mais efetiva avançar na reforma da Previdência", sentenciou Monteiro na sequência.

"Não havendo reforma da Previdência, talvez tenhamos que aprofundar ajuste fiscal, não poderemos fugir de alguma proposta de ajuste na área fiscal", afirmou o senador petebista.

Mais cedo, Goldfajn havia citado no balanço de riscos ao cenário básico de inflação que "uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária". Segundo o presidente do BC, é a permanência do cenário básico que norteia o processo de corte nos juros em curso.

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