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Sem acordo, Mercedes põe 7 mil em férias coletivas

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Trabalhadores da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo (SP) não aceitaram a proposta feita na quinta-feira pela empresa de redução da jornada de trabalho em 20% e dos salários em 10% por um ano. O plano, defendido pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, teria como contrapartida a garantia de empregos também por um ano. A empresa alega que, por causa da queda nas vendas, tem 2 mil trabalhadores excedentes, de um total de 10 mil, incluindo pessoal administrativo.A proposta foi avaliada por meio de votos secretos e a rejeição foi "por ampla maioria", segundo informou o sindicato ontem. Com a decisão, a empresa afirmou que "terá de buscar outras alternativas frente a um excedente de 2 mil pessoas na fábrica". Ontem mesmo a empresa deu férias coletivas a 7 mil trabalhadores da produção. As linhas de montagem de caminhões, ônibus e componentes ficarão paradas até o dia 17.O sindicato informou que, por enquanto, as negociações estão interrompidas "e não há previsão de reunião com a empresa". A proposta rejeitada incluía também a aplicação de apenas metade do reajuste salarial pela inflação (INPC) na data-base da categoria, em maio do próximo ano. Em acordo anterior, os trabalhadores já haviam aceitado abrir mão do aumento real (acima da inflação).Outro item que estava na proposta era a abertura de um programa de demissão voluntária (PDV) para aposentados e trabalhadores com estabilidade. Nas vagas dos que aderissem, a Mercedes iria recontratar parte dos 300 trabalhadores demitidos em maio (de um grupo de 500, dos quais 200 saíram em PDV). Parte do grupo de demitidos está acampada próximo à fábrica há quase um mês.Na quinta-feira, o diretor do sindicato, Moisés Selerges, já havia afirmado que a negociação com a empresa tinha sido muito dura e considerava que a proposta era "a possível para este cenário de crise". Desde o ano passado a Mercedes tem adotado medidas como lay-off (suspensão de contratos de trabalho por cinco meses), férias coletivas, folgas e semana reduzida de trabalho.No primeiro semestre, as vendas totais de caminhões caíram 42% em relação a igual período de 2014, para 37,4 mil unidades, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O segmento de ônibus caiu 25%, para 11,7 mil unidades. As vendas da Mercedes, que é vice-líder do mercado em caminhões e líder em ônibus, caíram em proporções semelhantes.Somando automóveis e comerciais leves, as vendas totais de veículos na primeira metade do ano atingiram 1,318 milhão de unidades, 20,7% a menos do que em igual intervalo de 2014. Foi o pior resultado para o período em oito anos.Programa. O setor automotivo aguarda para a próxima semana a publicação de uma Medida Provisória estabelecendo o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), prometido pela presidente Dilma Rousseff. Ele prevê a redução em até 30% da jornada e igual porcentual para os salários, mas metade desse corte seria bancado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), responsável pelos pagamentos do seguro-desemprego, abono salarial e de parte dos salários de trabalhadores em lay-off.No meio sindical, a defesa é para que os salários sejam reduzidos pela metade do porcentual do corte da jornada, Ou seja, se a jornada diminuir 30%, os salários cairiam 15% e seriam totalmente bancados pelo FAT.Empresas e sindicatos dizem que o custo seria inferior ao do pagamento do seguro-desemprego. Além disso, impostos continuariam a ser recolhidos porque o trabalhador mantém vínculo com a empresa. No lay-off, os contratos são suspensos e a empresa deixa de recolher INSS e FGTS do trabalhador.

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