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Economia e outras histórias

Sem juros para atacar inflação e taxa de câmbio

Pela reação dos analistas, o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), referente ao terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central, deixou dúvidas sobre a atuação da autoridade monetária daqui para a frente. Talvez a principal delas se refira à marcha da inflação e, em consequência, da trajetória da taxa básica de juros. 

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Por José Paulo Kupfer
Atualização:

Pioraram as projeções para a inflação em 2015 e 2016, marcando, pela primeira vez, que o centro da meta não será alcançado no fim do próximo ano, só devendo chegar no segundo semestre de 2017. Mas, ao mesmo tempo e apesar dessas estimativas, foram reforçadas as indicações de que os juros permanecerão estacionadas por longo período.

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A ambiguidade característica da comunicação do BC continua presente. É o caso do trecho do RTI, destacado pelo economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, no qual o BC avalia que “o cenário de convergência da inflação para 4,5% no fim de 2016 tem se mantido, apesar de certa deterioração no balanço de riscos”.

Por trás da mensagem de que não pretende subir juros tão cedo, mesmo diante do aumento de riscos para a inflação, analistas vislumbraram preocupação não declarada com a existência de um estado de dominância fiscal na economia. Nessas circunstâncias, elevações de juros podem até provocar altas de inflação. 

Ao combinar o salto nas projeções de recuo da economia em 2015 - de 1,1% no último RTI, para 2,7% agora - e com a convicção de que a recessão compensa impactos inflacionários do câmbio, o BC passou o entendimento de que não pretende usar os juros para segurar o dólar. Esperam-se, portanto, intervenções mais agressivas diretamente no mercado cambial.

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