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Setor imobiliário vê início de recuperação

Para empresários e entidades, ano será deve marcar retomada do mercado de imóveis e sinais positivos da economia sustentam otimismo

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast), Raquel Brandão e Douglas Gavras
Atualização:

SÃO PAULO - Para empresários e entidades do mercado imobiliário, 2017 vai marcar o início da retomada do setor. Eles justificam o otimismo apontando que a economia brasileira tem dado recentemente sinais de recuperação, com queda nas taxas de juros e recuo da inflação. O cenário positivo seria, na visão deles, reforçado pela perspectiva de manutenção dos cortes graduais da taxa básica de juros nos próximos meses.

“Há expectativas da Caixa de crescimento do mercado imobiliário, mas há também dados que já mostram essa realidade”, afirmou o presidente do banco público, Gilberto Occhi ontem, durante o Summit Imobiliário 2017, evento organizado em uma parceria do Estado com o Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) e que contou com a presença de associações e empresários da construção civil.

Evento foi aberto pelo governador Geraldo Alckmin, e contou com a presença do prefeito João Doria Foto: Amanda Perobelli/Estadão

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Occhi também lembrou que os financiamentos concedidos pelo banco para a compra e a construção de imóveis no primeiro bimestre deste ano são maiores do que no mesmo período de 2016, reforçando as expectativas de que o mercado imobiliário voltará a crescer em 2017. “As perspectivas positivas são ancoradas em medidas aprovadas recentemente pelo governo, como o limite dos gastos públicos e a terceirização.”

Em janeiro e fevereiro, o banco liberou R$ 14 bilhões de financiamento imobiliário. Para todo o ano, a Caixa tem um orçamento de R$ 84 bilhões em empréstimos nessa área, montante um pouco acima de 2016, quando atingiu R$ 81 bilhões.

“Os investidores já olham o Brasil de outra forma neste ano. A gente sabe da necessidade de ajustes econômicos e de outras questões específicas que podem ajudar na recuperação do setor, como a calibragem do Plano Diretor de São Paulo, por exemplo, mas estamos no caminho”, disse o presidente do Secovi-SP, Flavio Amary.

O presidente do conselho de administração da MRV Engenharia, Rubens Menin, disse acreditar que o mercado mostrará uma retomada gradual no curto a médio prazos, sustentada pela demanda consistente por imóveis, pela oferta de financiamento e pela continuidade do Minha Casa, Minha Vida.

Neste ano, o Ministério das Cidades ampliou as metas de contratação do programa ante 2016 e expandiu as faixas de renda e os valores dos imóveis enquadrados. Menin observou que ele é superavitário nas faixas 2 e 3, de maior renda.

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“Os anos de 2015 e 2016 não foram bons para o setor, mas sou mais otimista do que a média. A retomada vai vir mais cedo do que muitos imaginam”, disse Menin. Diante das boas perspectivas, ele considera a possibilidade de o setor voltar a gerar empregos neste ano.

Ele observou que o Brasil ainda conserva um crescimento demográfico significativo, o que implicará necessidade de produção de 35 milhões de moradias ao longo dos próximos 20 anos para as famílias que continuam se formando. “Isso faz do Brasil o quarto maior mercado de habitação do mundo, em termos de demanda.”

Ressalvas. Os empresários admitiram, no entanto, que o desemprego elevado ainda preocupa e tem deixado o consumidor mais inseguro na hora de se comprometer com gastos significativos, como a compra do imóvel. O número de desempregados alcançou o patamar recorde de 13,547 milhões de pessoas no trimestre encerrado em fevereiro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE.

O ano também não começou bem para o setor. A venda de unidades residenciais novas na cidade de São Paulo registrou queda de 34,5% em janeiro, em relação ao mesmo mês de 2016, segundo pesquisa divulgada pelo Secovi. “A crise é grave, mas não apagou o déficit habitacional do País. A dificuldade de venda existe, mas vai acabar logo”, disse o presidente da entidade.

“Há propriedades com vacância no pico, isso acontece com galpões, unidades comerciais e shoppings. Mas o mercado não tem precificado a crise política, o investidor acredita na retomada”, disse Bruno Laskowsky, diretor da CSHG Real Estate.

“Sou mais otimista do que a média. A retomada vai vir mais cedo do que muitos imaginam.”Rubens MeninPRESIDENTE DO CONSELHO DA MRV